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Sua graça, por favor!

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Publicado em 14/06/2023 às 18:58
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Você gosta do seu nome? Esse prenome vai nos acompanhar ao longo da vida. Alguns elevam a nossa autoestima, outros são odiados. É apenas uma palavra e não nos define como pessoas, mas será que estamos condenados a manter um nome que não escolhemos e viver essa tortura eternamente? A solução é adotar um cognome alternativo, que nos pareça mais confortável. Se alguém escolheu ser chamado por um apelido, é melhor respeitar sua preferência.             

A cantora pop Baby Consuelo do Brasil cognominou seus cinco filhos de Sarah Sheeva, Zabelê Gomes, Pedro Baby, Nana Shara, Kriptus Baby. A filha primogênita recebeu o nome de Riroca, que em língua indígena significa “Casa do Amor”, mas mudou seu nome oficialmente para Sara Sheeva e hoje é pastora.

Você já se imaginou com o nome tirado das revistas, como Magnésia, Novalgina, Cafeasperina, Belkiss, Caramané, Evangivalda, Adosinda?! Lenda ou não, Bucetildes, que trocou o nome por “Tildinha”. “Para bom entendedor, meia palavra basta.”

Aqui, no Brasil, foi só a partir de 1998 que os oficiais de cartórios foram autorizados a recusar o registro de nomes esdrúxulos, que considerem exóticos demais, ou ridículos. Se seu nome o incomoda e traz constrangimento, desconforto significativo ou numa transição de gênero, seu prenome pode ser alterado.                                 

Ao nascermos, puseram-nos a pulseirinha no braço de cada uma, tal era nossa semelhança. No registro, papai queria “Iná Ani” e “Ani Iná”, o que o cartório não permitiu. Ia ser hilário, mas seria um orgulho, gostaríamos demais.

Entrevistadas por Jô Soares, ele nos perguntou qual era a mais mandona. Respondi: “A Ani”. Ele opinou: “Acho que é a Iná. É um nome mais forte, de mandona”. “Cada cabeça, uma sentença”. No nosso caso, tudo era de comum acordo.

A Exposição Agropecuária da ABCZ sempre teve nossa presença, pois era nosso compromisso. Em uma mesa próxima, um pecuarista alcoolizado falou: “Tenho que ir embora, tô de fogo, tô vendo quatro meninas lindas iguaizinhas. Qual é a ‘graça’ de vocês?” Essa palavra em desuso nos passou inquietação e dissemos: “Iná Ani, Ani Iná”. Foi um constrangimento geral! Perceberam de imediato o nosso tom irônico.

Quando finalmente aceitamos o nosso prenome, mesmo sendo raro, é que mostramos que ele faz parte de nós e deixa de ser autotortura. Uma saída interessante é ignorar e aceitar zombaria com personalidade.             

Dr. Último Bittencourt, acadêmico Austregésilo de Athayde, acadêmico Merval Pereira (atual presidente da Academia Brasileira de Letras), Dr. Drauzio Varella, Professor Eurico Vilela, Astrogildo, Adamastor, Adeodato são nomes diferenciados, mas não definem a personalidade ou caráter.

O importante é lembrar que devemos respeitar a escolha familiar. Admire seu nome, enfim é uma parte de quem você é como indivíduo e nunca deve ser motivo de vergonha, estigma ou perturbação. 

Dois beijos...

Iná e Ani
gemeasanina@hotmail.com
Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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