Ruas vazias... Uberaba está mística...
O silêncio nos torna fortes. Concentrados e condensados em nós mesmos. O que fazer - e não fazer?!
Urbanos, somos demasiadamente barulhentos, tagarelas, falamos demais! O que se deve e o que não se deve! A vida nos faz assim... Exige sempre uma explicação. Nós, brasileiros, sempre afetivos, sentimentais, alegres, falantes e agitados. Com raras exceções.
Em tempo de quarentena ocupamos nossa memória com livros e poemas, com o ócio e as lembranças da infância e da adolescência. Bons e maus momentos.
Ruas vazias... Uberaba está mística...
A rua de nossa infância, Carlos Rodrigues, os sons das vozes dos nossos amigos, crianças, vizinhos, brincando à noite, estão vivos em nossa "ilha particular". A nossa rua não tinha árvores, mas nem por isso era menos bela!
Somos de uma geração em que era proibido proibir. Esta frase soa quase como uma ordem: “Fiquem em casa!”. Obediência? E o nosso direito de ir e vir? Ideias de total liberdade? Somos contra qualquer tipo de autoritarismo.
O Gigante está chegando! Precisamos vencê-lo! "Fiquem em casa!" Assim ganhamos a luta... Rendemos.
Nossa Uberaba amada está destituída, o comércio foi parcialmente aberto com restrições. Insensibilidade? Avanço? Entediados!...
O grande atrativo das ruas é a sua simbologia com a liberdade, com um tanto de rebeldia, adolescentes com seus skates, as manifestações políticas, protestos, e a pandemia que se expande, sem máscaras e com máscaras. A multidão se concentrou nos protestos contra a questão racial, com a violência em confronto com a força policial. George Floyd despertou a "ira" dos negros e a revolta de uma população oprimida, cheiro de pólvora no ar, cenas de morte em um país que não respeita a humanidade.
E as ruas estão vazias...
Convidativas com suas ciclovias... Barzinhos à espera de seus frequentadores... A Concha Acústica, palco do cantar, da cultura, da liberdade.
Ainda não chegamos lá. Estamos inseguros, assustados, com fatos desvendados, corrupção na compra dos respiradores e das máscaras. Sem conhecimento, com expectativas, renovando, reinventando e atentos ao novo. Contagem regressiva!...
Pessoas vivem nas ruas. Trabalham nas ruas. Nos sinaleiros, os malabaristas (uma arte), contribuições para as fazendinhas, ambulantes. Na rua há vidas. Há perigo.
Queremos respirar profundamente o perfume embriagador e agregador da liberdade e sonhar pequeno. Apenas caminhar sem máscaras e sem pudor nas ruas barulhentas, tagarelas e gritar: - VENCEMOS O GIGANTE!
Dois beijos...
Ani e Iná
aninauberaba@gmail.com