ANI E INÁ

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Ani e Iná
Publicado em 01/02/2023 às 18:52
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Somos críticos mesmo, até parece uma certa loucura! Numa roda de amigas, em momentos de jogar papo fora, é um prato cheio nos deliciarmos com o estrelismo de certas pessoas.           

Quem não se impressionava, no meio artístico, com a androgenia de Ney Matogrosso, o popularismo de Cauby Peixoto, o chansonnier Ivon Curi, a maluquice de Raul Seixas, a cafonália do Tropicalismo, muitas plumas e paetês dos que sempre ousaram?! Poucos se atreviam a androginizar em meio a tanta caretice reinante! Outro espetaculoso do hermafroditismo foi Sidney Magal com seu rebolado sexy. Ao adentrarmos profundamente na vida desses ídolos agressores de nossa geração, encontramos artistas no cotidiano, alguns em um sítio integrado ao mundo vegetal e animal; longe dos holofotes, são pessoas comuns que querem o silêncio.

Colecionadoras desses ídolos, eu e Ani soubemos do filme que seria rodado numa fazenda em Uberaba, “Buenos dias”, tendo como protagonistas Marcos Palmeira, Paulo Gracindo e outros. Fãs incondicionais do ator Paulo Gracindo Júnior interpretando o papel de Dom Pedro I na novela Marquesa de Santos, compramos uma caixa de cerveja para nos encontrarmos com o ídolo. Era um dia de celebração ver ao vivo o príncipe Dom Pedro I que povoava nossa imaginação. De madrugada zarpamos para o set de filmagens para participarmos como figurantes.

Que vida difícil dos artistas! Filmamos a mesma cena com Marcos Palmeira umas quinze vezes. Ele passava a pé segurando o cavalo pelo arreio, nos cumprimentava e seguia em frente. Repetir… repetir… repetir. Nossas expectativas em conhecer e saciar fantasias do supergalã nos acalmava. Dom Pedro I, em seu cavalo, fardado, com sua espada, essas cenas nos deixavam com falta de ar. Permanecemos até as 16 horas, bem-vestidas, estreando roupas de caubói, para impressionar o artista.

Com paciência e fascínio esperamos até que desceu da fazenda um rapaz franzino, chinelas havaianas, camiseta “ surrada”, short estampado. Realidade é sempre mais forte! Sentou debaixo de uma mangueira e se apresentou: “Sou Paulo Gracindo Júnior”, abrindo-se em sorrisos, com todos os dentes em coroas de jaqueta, barba por fazer, óculos escuros.

Como lidar nesses momentos com a ficção e a realidade? No outro dia abandonamos a locação das filmagens. “Gato escaldado tem medo de água fria.”                                      

Vilãs de novelas recebem ovadas, pedradas, bengaladas. Foi o caso do artista Celso Antunes quando interpretou o marido que batia na esposa. Apanhou tanto que teve trombose e ficou internado no hospital! A ficção do personagem é confundida com o ator ou atriz. Quanta ilusão! Imaturidade? Por que confundimos personagens com a vida real? Seriam tantas fake news povoando nossa cabeça e nos colocando cúmplices dessas fantasias?!

Essas imagens que idealizamos e espelhamos em nossa vida são ilusões, são cruéis. Quando não aceitamos, é uma maneira de nos proteger, só assim conseguiremos menos autocrítica em vez de ficarmos nos chicoteando para atingir a perfeição. Uma saída interessante é rir de si mesmo. Será que a ficção criada pela mídia nos serve ou nos assombra? O certo é que se não der para eliminar a autocrítica, dá para negociar com ela. Só assim teremos paz e harmonia.                                        

Dois beijos...                                               

 Iná e Ani

gemeasanina@hotmail.com

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