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A força da palavra na poesia e o trovador

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 23/07/2022 às 18:05Atualizado em 18/12/2022 às 20:57
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Pensar, agir e sentir são inerentes a quase todo homo sapiens. Como disse o filósofo René Descartes, “penso, logo existo”, bom seria se toda a humana raça pensasse antes de agir, dentro da gradação acima. Costumo apregoar que o sentimento nos leva a pensar para depois agir, enquanto a emoção nos leva a agir antes de pensar. Acho que nem sempre quem é levado pela emoção realmente pesasse o seu pensar. Talvez, coisas e feitos não atingiriam resultados catastróficos. Mas, se todos fizessem da poesia o caminho do pensamento profundo e sentido, o mundo caminharia sobre tapetes vermelhos comemorando grandes e vitoriosas jornadas. Infelizmente, a humanidade está mais para feitos fétidos que exalar essências de inesgotáveis odores.

Há dias em que, praticamente, refletimos sobre fatos aprimorando a sensibilidade, que deveria desabrochar em cascatas nos veios sanguíneos de todos nós. Cascatas, termo poético de águas a descer romântica e docemente, sempre cristalinas. Quem não a enxerga não tem sequer sensibilidade e, jamais, resgata a alma em benéficas imagens poéticas. Não é utopia. É papo sério, que transpõe abismos, rios, montanhas e mares “nunca dantes navegados”, onde Camões se banhou.

Água era sinônimo de transparência e pureza. Hoje em dia, é imagem mortuária de alagados, maremotos, devastações. Uma enxurrada de imagens poderia ser acrescentada a ela e outras palavras-símbolo, que enfeitavam a natureza dadivosa. Se castigos vêm a galope, conforme velho axioma, hoje chegam pela terra e pela atmosfera, palavras, antes poéticas, que o homem destrói levado pela ambição e outras energias negativas.

Precisou-se criar o Dia da Poesia, tanto nacional (14 de março) e internacional (a 21 de março). Bastaria o último, não fora a alma poética do brasileiro a homenagear Castro Alves, nascido a 14 de águas de março, enfeitando o verão, segundo poetou Tom Jobim e Ellis Regina. Com ele, ratificou em magnífica interpretação. E o que é essa interpretação, que penetra o coração e transborda na alma, não fora o desabrochar de artistas, compositores, poetas, cantores e toda a gama de operários da arte a ratificar sentimentos exaltando a beleza, que nem todos querem enxergar? Pobres de espírito, ou como ousamos dizer, monstros, que arrastam a carcaça, envenenam o espírito, mortalhas de caminheiros errantes, sem oásis de chegada, sem sombra amiga onde deitar o corpo cansado, nas encruzilhadas levando para mais longe, sonhos, paz, felicidade.

Precisamos “carpir”, através da palavra poética, a palavra que reanima, emociona, leva a refletir, quer nos campos de batalha, quer nas fontes dos livros, quer pelos caminhos da devastação.

Verbo é ação, não é só conversa inútil, ou fútil! A palavra resgata, energiza e alenta. Não é imagem quebrada desprovida de ação. Ela sempre constrói arquitetando imagens sólidas, edificações que permanecem no escondidinho da alma. Não adianta ignorá-la. Mesmo ao analfabeto traz magia se a escuta. Por que aqueles a quem Deus dotou de oportunidades e estudos para desenvolver o intelecto se esforçam por ignorá-la? A alma precisa de paz e só a palavra que constrói a povoa de reflexões e ações, quer venham nas asas de um sonho de muitos sons poéticos, proféticos ou musicais, ou mesmo professoral. O que jamais a banaliza, a chicoteia, a expurga, a derrota, a enxovalha. Ela sempre voa aos céus em forma de prece.

Daí um exercício poético, dia do Poeta / Trovador, 18 de julh Todo coração de poeta / vai do peito para a face / Afaga os olhos e tece / Um terço envolto em preces / Em cada conta, encontra / Alegrias, emoções / Deixando pérola incrustada / Na palma de cada mão!

Ou a trova: A cor de todas as rosas: / branca, amarela ou rosa / São prosas cheirando a rosas / São rosas contando prosa!

Arahilda Gomes Alves

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