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A verdade e a mentira

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 11/09/2022 às 11:08Atualizado em 18/12/2022 às 13:26
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Narrada por um escultor francês, no século XIX, história que ele intitulou como parábola, sob a epígrafe acima. A Verdade e a Mentira passeavam, quando a segunda, mostrando o céu, disse à outra: – Como o céu está lindo!

A Verdade testemunhou, olhando-o também. Ambas continuaram a caminhada, quando a Mentira convidou a Verdade para um mergulho no lago, dizend – Veja como a água está fresquinha. Vamos nadar.

Ambas tiraram suas roupas e se divertiram por bom tempo, quando a Mentira, burlando a atenção da Verdade, saiu correndo, levando as roupas da companheira. Quando ela saiu do doce entretenimento, percebeu o que a “amiga” fizera e saiu pelas ruas, nua. O povo se assustava e se escandalizava com a cena. Depois de muito procurar, retornou ao lago, pensando em se vestir com as roupas da Mentira. Desistindo da ação, resolveu continuar nua pelos caminhos.

Moral da história: Por isso que a Mentira continua sob os trajes da Verdade, enganando a todos, enquanto a Verdade caminha mostrando-se “nua e crua”, o que chega a escandalizar com toda a sua inocência.

Nunca se viu tanto a mentira trocando de roupa e desfilando sob os mais ridículos disfarces nas passarelas da vida. Camufla-se por onde se intromete, quer na vida social e política. Acha-se indestrutível. Joga-se, arrogante, no teatro da vida, impondo-se aos incautos. Veste o seu reinado de falsos engendros.

Dança pelos corredores e salas dos palácios, considerando-se sábia e maquiavélica. Usa, às vezes, do silêncio, invejosa do sucesso de alguém. Infiltra-se goela abaixo pela garganta da insensatez e da maldade.

Rumina sua mediocridade sob artifícios da maledicência. Desprovida da roupagem que a liberta, da honradez que a dignifica e do sonho que a alimentaria, joga-se nos adulterados restos de seu alimento indigesto, de insaciável nutrição. E, pouco a pouco, definha-se nas labaredas do seu “fogo fátuo” em cremação de completa asfixia, apagando o som imperceptível da consciência.

A verdade se esforça, mesmo nua e transparente, tentando impor seu reinado nobre de valores, na cultura do espírito.

Espelha-se na atitude de outros, onde a dignidade se impõe. Estabelece pactos com a simplicidade, a afinidade, a afirmação, ancoradas na sabedoria, na justiça e na Paz.

Sábia, enfrenta os arquitetos da edificação da mentira, através da honradez, que o tempo mostrará em colunas sustentáveis.

Na solicitação de apoios sem barreiras, firma-se no nobre sentimento do respeito e da dignidade. Na valorosa e valiosa transparência de que, através do tempo, a verdade nua e crua se vestirá de trajes luminescentes, acobertada na sua nudez com o manto da honra.

Eis que, por mais que a mentira seja a nefasta companheira do predador da moralidade e da justiça, haverá sempre a esperança de novos tempos, no triunfo da VERDADE NUA E CRUA!

Arahilda Gomes Alves

 

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