ARTICULISTAS

Amor com amor se paga?

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 18/01/2022 às 20:13Atualizado em 18/12/2022 às 17:59
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Dizem que a Arte imita a vida. Outras vezes, a Vida imita a Arte. Vejamos alguns exemplos para ficarmos nos grandes casais que a História marcou sendo o mais célebre o amor de Romeu e Julieta. Outros como Otelo e Desdêmona, que a mata por ciúmes.

Em ambas, a morte espreita, por paixões incontidas. Na convivência teatral da ópera verista “Il Pagliacci”, de Leoncavallo, outra vez o ciúme se interpõe entre casais e, em representação, o personagem mata a própria esposa. Já na “Buterflay”, de Puccini, outra ópera verista, à base de fatos verdadeiros, a heroína se mata por saber que seu amado americano traz sua noiva para que ela a conheça. Do mesmo autor, em “La bohème”, Mimi, também cortesã, ao travar conhecimento com Rodolfo, apresentam-se em doce conluio. Ela dizendo-se florista e ele vivendo da arte. Mas a heroína morre de tuberculose. Amores passionais que acontecem em cenas dramáticas e que a vida repete. Nas histórias musicadas de Verdi, há três maneiras em que se mostram o amor. No “Il Rigoletto”, o amor de pai é tão funesto que trama a morte do Conde supondo resolver o caso de amor entre ele, um incorrigível conquistador, com sua única filha. Já no “Trovador”, dois irmãos disputam o amor da heroína em que cada um fora criado em situações diferentes. O irmão bem-criado, por vingança, coloca na fogueira o próprio irmão, que desconhecia. Já na “Traviata”, os intensos afetos são desfeitos ante o pedido do pai dele para que se afaste do filho, ela, uma cortesã, e ele, um nobre. Mas o amor atravessa o tempo com retorno do nobre chegado de Paris para ver sua amada morrer em seus braços de doença, no tempo, incurável.

Histórias mais leves trazem à baila no “Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, um Fígaro que se presta a arranjar namoradas ao amigo Conde e que, com a realização, consuma-se o matrimônio nas “Bodas de Fígaro”, de Mozart, que trata a história mais como uma comédia, resolvendo-se em situações cômicas, em que criada e condessa trocam suas vestes para enciumar o Don Juan, terminando em festa e risos.

Levamos essa ópera, anos atrás, com cantores da terrinha, contada em português e cantada no original. Fora aprovada pela Lei Rouanet. Sucesso de três récitas!

No “Dom Giovanni”, de Mozart, citado como conquistador de centenas de mulheres, a morte do pai da amada aparece em visão fantasmagórica em luta com sua própria consciência.

E, na vida real, como aceitamos o sentimento amoroso? Ora se transformam em amizade, nobre sentimento, ora em indiferença, ora em saudades, que o tempo não destrói.

Às vezes, os ressentimentos marcam trajetória de rancores, desprezo, máguas. Os diálogos tomam proporções maravilhosas, quando os pares se conhecem. Nas palavras de Mimi: “quando chega o inverno, ao primeiro beijo do sol, repasso sonhos primaveris, alimento da alma”. Mãos entrelaçadas diz ele: Como vivo? Vivo!

Pois é, amor, alimento da alma, reacendendo-se em manifestações díspares, nem sempre identificando formas de amar indissolúvel, que terminam no altar e se firmam em festas de constantes bodas, até que a morte os separe!

Arahilda Gomes Alves

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