Não se trata de uma sinfonia, algo quilométrico, de fraseados musicais, de difícil memorização. A poética pode trazer versos monossilábicos ou alexandrinos, com acentuações nas terceiras, sextas e nonas sílabas, para o equilíbrio letra e música. Parceiros em completa harmonia são inúmeros. Renato Frateschi, saudoso regente e compositor, encontrou em Dr. Lúcio Mendonça de Azevedo, secretário ad eternum da Prefeitura Municipal de Uberaba, o parceiro ideal nas dezenas de composições escritas ou vice-versa, nas composições musicais. “Há cem anos, bem longe, passados/No planalto da gleba mineira/Sob as bênçãos dos céus, aclarados/A cidade surgiu, condoreira! (Bis) Coro: Uberaba, nobre terra/Honra e exalta os filhos teus/ Em tua imagem se encerra/Todo um sorriso de Deus! (Bis) 2- Santa Rita desdobra à memória/De altos feitos, no seu campanário/E Uberaba, nas garras da História/Vive as pompas do seu centenário.”
Festejava-se, em distante 1956, os cem anos de Uberaba. Nós, alunos, em desfile, entoávamos o Hino à Uberaba centenária, que a História, tempos depois, refez a data, trocando dia, mês e ano por outra data natalícia.
Até que, pelos idos de 1992/93, na gestão do prefeito Luiz Neto, a Câmara Municipal empenhou-se na escolha de um Hino a Uberaba, abrindo-se concurso. Conhecia-se um outro, criado por duas outras personalidades, sendo uma delas conterrâneo de coração. Em fase fértil, quisera eu entrar na contenda, mas, por questão de ética e respeito, os hinos de pessoas doutas suplantavam o desejo de trabalhar nova letra e música.
Júri formado, levara o Coral Conta Canto do Conservatório onde lecionava, para apresentação das duas criações, tendo o cuidado de, no primeiro hino cantado, trocar a palavra “centenário” por aniversário. Saíra voto vencido em que um membro do júri opinara que o hino mais novo era mais fácil de ser entoado nas Escolas (mesmo de tonalidade mais aguda). Eu fora voto vencido. Lançamos em primeira audição na Fundação Cultural, locada no pátio da igreja de São Domingos, quando as irmãs Maria Soledade Borges e a historiadora/acadêmica Maria Antonieta Borges Lopes lançaram o livro didático sobre a cidade, a ser usado nas segundas séries das escolas uberabenses.
Tanto que, ao ser entoado por público, em festas solenes, o povo se põe a cantar a uma oitava abaixo, ao som da gravação orquestral.
A dois de março de 2019, aniversário de 199 anos da cidade(!), gravado e apresentado em programação da TV Integração, no “MGTV 1ª Edição”, um mezzo e um tenor, em dupla, cantam-no, ficando cômodo à voz masculina, mas perde-se a espontaneidade na feminina; aconselha-se que os escolares o cantem em tom mais adaptável às vozes infantis ou da puberdade, quando se passa pela mudança do registro vocal.
A letra do araguarino e jornalista Ari de Oliveira trouxe parceria do historiador Gabriel Totti: “Da jornada de fé, corajosa/De bandeiras por todo o Brasil/Tu surgiste, Uberaba formosa/Das campinas, sob um céu de anil. Coro: És Uberaba, o formoso/E mais rico florão/Deste nosso sertão valoroso/Oh grande terra gentil/Um torrão sem igual/No planalto central do Brasil. Não transiges com teu inimigo/Mas acolhes, gentil, em teu colo, Os que vêm ao trabalho, contigo/Procurando elevar o teu solo/Tuas matas, teus campos, teus montes/De riquezas sem par, peregrinas/Construíram entre teus horizontes/As mais belas das joias de Minas”.
E que fora trocado pelo autor o final do último verso: A MAIS BELA DAS JOIAS MAIS FINAS... porque Ari de Oliveira era separatista de um Triângulo que desejava não mineiro...