Como fugir dele, se a genética é testemunha sentimental? Como safar-se dessa maternidade, mesmo sem querer? Afirmar, que ao homem, ela vem camuflada, porque a covardia e a irresponsabilidade as reneguem, não leva o pai, vantagem, porque o exame de DNA apresenta-se lépido e paternalista na empreitada.
Fale mal de um filho e sinta a reação de pronto! É como se erguesse na ponta dos pés na defesa, quase sempre, do pimpolho a quem deu à luz.
Todo esse preâmbulo leve a demonstrar que não é tão leve, assim, a tarefa materna, quando os homens-pais repassam a elas a tarefa do formar, se ele fugir de repassar exemplos. Antigamente, mesmo sendo os pais, exemplos aos filhos diziam eles a frase, quase chavão. -“Fale com sua mãe, ela resolve. ” Ou então: - “Por que você permitiu tal atitude?
Mas assim mesmo, era um lar doce lar. Os pais eram autoridades, que se respeitavam. As mães, o papel da suavidade no educar e muitas vezes, resolvia-se entre mãe e filho o problema que a severidade paterna “dava uma de machão. ”
Achei linda, a escolha para os dias dos pais, em Portugal, quando se comemora o dia de São José, a 19 de março homenageando-o e a Sagrada família.
Sem cortar o cordão umbilical, lembrêmo-nos das Mães da praça de maio, movimento iniciado em 1973, através panelaço cobrando os filhos desaparecidos na ditadura argentina somando-se trinta mil vítimas. Depois, surgiram as Avós da praça de maio denunciando suas filhas sequestradas grávidas com netos nascidos nos porões da Ditadura entregues a famílias repressoras sendo que muitos deles foram recuperados após dezenas de anos.
No Brasil de 64, o período repressor fez chorar muitas mães com filhos mortos pela Ditadura.
Mas, em 1995, “os filhos” se movimentaram contra o esquecimento e o silêncio reerguendo o movimento das mães que choravam seus filhos desaparecidos.
O cordão umbilical cortado na hora do parto, não se perde. Agiganta-se avoluma-se, cria matizantes cores pinceladas no amor e vivificadas nos sentimentos que a maternidade formata, em grandes cargas da responsabilidade, o registro milenar das gerações.
Mães parideiras de filhos abençoados ou perdidos pelas estradas caminhantes. Mães esquecidas ou mal lembradas, perdidas e achadas nas passarelas da vida, figurantes de um teatro, papel decorado ou descorado pelos disfarces de uma sociedade preconceituosa.
Todas elas, receptáculos de óvulos fecundados, na alegria ou na dor, merecem holofotes, flores e faixas de exaltação, porque, no coito do amor e do prazer torceram por filhos de uma sociedade sadia e produtiva, que nos dias atuais se deixam levar por exemplos duvidosos, que a grande Pátria-Mãe oferece sangrando, impiedosamente, o imenso cordão umbilical verde-amarelo, sereno e belo!
Arahilda Gomes Alves