ARTICULISTAS

Heranças paternas

Arahilda Gomes
Publicado em 21/08/2023 às 18:35
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Há intermináveis seguidores da arte em heranças paternas. Lembrêmo-nos dos três pintores renascentistas formando trilogia da arte-berço italiana: Michelangelo, Da Vinci e Rafael. A criação de “Adão”, na capela Sistina; a “Pietá”, na Basílica de São Pedro, e o monumental “Davi”, na piazza de Florença, incorporam a arte pictórica à música, interagindo maravilhosamente na expressão artística.

Os autorretratos do holandês Rembrandt (1606/1669) mostram visão penetrante do seu caráter. “O Pensador”, de Rodin, e sua escultura “O Beijo” escandalizam a sociedade e a época pelo realismo da cena. Dante, na literatura medieval, com “A Divina Comédia”, em suas alegorias do Mal e do Bem, vislumbra o sobrenatural-inferno, purgatório e paraíso.

Também a vida vai pincelando caminhadas, dignificando o homem, concepções onde o pensar, o agir e o sentir provocam ações tridimensionais, assistidas pelo livre arbítrio.

Volto à música poética-sonora emoldurando a palavra sonoridade-poética, simbolicamente agrupadas no Parthenon da História, eternizando-as e me lembrando do que dissera meu inolvidável mestre Sergio Magnani, em Belo Horizonte: “Se o ‘Réquiem’ de Mozart é Rafael, o de Verdi é Michelângelo”.

No ideal arquitetônico imperando beleza e austeridade, o templo à deusa Athena, na acrópole de Atenas, com imensas colunas datadas de 447-438 a.C., foi danificado por explosões inimigas venezianas em 1687. Pensemos na torre de Pisa, campanário italiano do século 12 e que, depois de duzentos anos, inclina-se pela primeira vez em 1993, proibindo-se o forte badalar dos sinos para que não a inclinasse mais.

Assim é o edifício humano, susceptível de reações.

Caminhando pelo pré-classicismo, encontramos Bach – o Pai da música, com uma prole de quarenta músicos por sete gerações. Contemplemos as nove Bachianas de Villa Lobos, impregnadas do nosso folclore. Aprofundemo-nos nos três Bs da Alemanha, aqui citados. Bach (1685/1750), Beethovenn (1770/1823) e Brahms, os dois últimos do classicismo ao romantismo (1833/1883) e opositores do modernismo de Wagner (1813/1883), revolucionando a ópera, arte musical das mais completas e expressivas, em que a Voz é instrumento comunicador, gerando palavras em sentimentos expressados no “tom parlante e cantante”.

Também gera o silêncio, pelo apoio respiratório, sopro de vida, tão eloquente, necessário e expressivo quanto ela!

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