Ivan Jaf busca inspiração para a sua história. Ele escreveu “O Menino da Bengala” (livro).
Monteiro Lobato modificou seu nome de José Renato para José Bento, porque queria utilizar a bengala de seu falecido pai, que continha as iniciais JBML, para que suas iniciais ficassem iguais às do pai.
Fez-me lembrar que na “orelha” do meu último livro editado, “A Febre de criar”, o poema Fênix em aquarela desperta em pássaro de fogo que associara a este artigo.
Corre a vida retorcida/Em pedaços de esperança/ Formatando o viver./ Colhe em campo distante/ Bem além do horizonte/ O que plantou para colher./ Vai tecendo em fantasia/ Versos molhando a alma/ Cantos singrando o mar./ Tal como Fênix procura/ Na dor flamante da sorte/ Nas trombetas, o som da morte/ O esculpir de imolada criatura/ Pira de folhas tremula/ Em funesto crepitar/ Fênix sangrando, renasce/ Eternizando encantada face/ Do pássaro de fogo a embalar./ Qual berço-túmulo, o mito/ Na flauta de Pan, um grito/ Da tela, em arco-íris de cores/ explode todas as dores/ Ressurge nova aquarela/ Na sagração da primavera!
Enquanto faço este preâmbulo, volto à bengala, que me chegou de surpresa. Embrulhadinha, associou-me a uma flauta de Pan. Quatro pés mantinham – na equilibrada.
Segura por um tubo metálico terminando com um apoio para o braço. Era uma dança compondo ritmo gracioso do andar, que a sustentava.
Fui dormir cheia de indagações prevendo que, dia seguinte, após o café da manhã, tomei da bengala que “jazia” no canto do meu quarto, silenciosa. Pensei: hoje, o treinamento se faz, prazenteiro. Não levante “a amiga”, gesto trêmulo para que nós duas saibamos trocar passos firmes.
A memória me levou aos filmes antigos com artistas coreografando passos sapateados, tendo como parceiro o bastão, brincando com a bengala, elevando-a enquanto sapateavam.
Se a bengala fora também um pulsar de Arte, que ela me seja, atualmente, um desdobrar de segurança, ao andar dos que pouco se locomovem.
E viva o meu útil presente!
Arahilda Gomes Alves
Cadeira 33 da A.L.T.M.