ARTICULISTAS

O veto ao voto

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 01/10/2022 às 19:14Atualizado em 16/12/2022 às 00:36
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Mulheres extraordinárias passaram pela História. Mas demorou dar a elas o reconhecimento da luta, taxando-as do lar. Desde a Bíblia, atribuindo-lhes a criação através de uma costela de Adão, procurou-se rima poética à mulher. Atribuir a elas conceitos domésticos, preparando-as para “servir”, amar e gerar!

Submissas aos seus, viria deles a “última palavra”, na conscientização do medo e do silêncio. Poucas frequentavam escolas e as que havia cuidavam de ensinar as prendas domésticas, a serviço dos filhos e do chefe da casa, na figura patriarcal do marido e pai. Dizia-se que o ensinar a ler e a escrever era apenas para “escrever cartas amorosas”. (“Mulheres extraordinárias”, RSF. Coletânea. Escritora Ângela Guerra). Seguir curso superior escandalizava a sociedade, em que as leis, sempre voltadas para o sexo masculino, não lhes davam direitos.

Mas o ideal transforma as mentes de emponderadas mulheres, fazendo da luta o caminho do querer e do poder. Bertha Lutz lançou o grito feminista do protesto, juntamente com outras mulheres da época de um Brasil crescente.

Desafios outros de um conservadorismo reinante, também presente na Conjuração Mineira, onde rica mulher de conjurado, nascida em Prados – Hipólita Jacinta Teixeira de Mello –, participara ativamente de reuniões através de doações para o sucesso da Inconfidência. Fora ela quem delatara Joaquim Silvério dos Reis, parente de seu esposo, sempre presente às reuniões dos conjurados. Ele, devendo muito à Coroa portuguesa, pedira o perdão de suas dívidas, delatando o movimento.

Política que ainda hoje sucumbe a Ética e a Moral, com objetivos torpes do dinheiro fácil! (“Mulheres Extraordinárias” – Coletânea da RSF; autora, esta cronista).

Bertha Lutz vivera o período do romantismo, mas “jamais abandonaria o direito à luta jurídica entre os séculos”. Fundara em 1909 a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e, em 1932, a Liga Eleitoral Independente, já no governo Vargas, com novo Código Eleitoral para o movimento sufragista brasileiro. Candidatou-se em 1932 para uma vaga, sem conseguir se eleger, e voltou a fazê-lo em 1934, assumindo uma suplência em 1936, com a morte do titular. Fez grandes mudanças na Constituição referente ao trabalho do menor e da mulher.

Bertha Lutz “pregava que a vantagem dessas associações seria aproximar interesses coletivos, impedidos pelo egoísmo reinante das classes cultas e ricas sem facilitar a vida de suas irmãs mais pobres”.

Foi ela a única representante nos EEUU para a formação da ONU em 1945, com inserção na Carta da igualdade de direitos entre homens e mulheres. (“Mulheres extraordinárias” – Coletânea histórica, divulgação da Rede Sem Fronteiras: Dyandreia V. Portugal).

O “ voto de saias”, infiltrado harmoniosamente nas conquistas políticas, traz o equilíbrio de mentes sadias, bem-intencionadas. Prega a verdade sem intenções eleitoreiras. Avança na lealdade sem proveito próprio de carreiristas. Sem tornar, a Política, nova profissão!

Mulheres, inspirem-se nas guerreiras, tão donas do lar quanto emancipadas, tendo o homem não como oponente, mas como companheiro das grandes conquistas!

Arahilda Gomes Alves

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