ARTICULISTAS

Operário - padrão da cultura

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 23/07/2024 às 19:13
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A cultura é a realidade da comunidade em que se vive. É gestão democrática com público alvo definido dando direito ao bem-estar social, onde trabalho e lazer desempenham papéis coadjuvantes. Ela resgata tradições referenciando identidades. Tão questionável, porque, oriunda de um processo lento, mas latente, necessário se torna o fator que a arrebata “a sensibilidade” mexendo com nosso fazer, na linha do intelecto e da psique. Jornais contaram que a vida de Chico Xavier ia “virar” filme, mas que a nossa cidade, onde ele passou toda uma vida de sua fase adulta e aqui morreu, seria substituída por outras vizinhas... Vejam o interesse sobrepujando a arte histórica. Quanto dó e indignação àqueles que não são visionários, que, mais homens de negócio, não transitam pelo hemisfério secular da arte-cultura puxada por nossos ascendentes, tornando a vida mais amena e menos estressada, mais estimulante e menos massificante, mais saudável e acolhedora e menos inóspita e acomodada. Ela descentraliza o fazer dos muitos operários – padrão da cultura. Do poeta Eliot, inquestionável verdade: “A criação em todos os níveis constitui-se como o filão principal do projeto cultural”. Daí ater-se a valores culturais de forma democrática, enriquecê-los com fóruns, debates, porque a criação e a produção artística se resvalam em interferências pertinentes ao meio em que vivemos. Sofre influência de todas as áreas do conhecimento humano, enriquece-se nas experiências do cotidiano, redefinindo objetivos e abrindo perspectivas, que os encorajam redescobrindo valores. Ignorar a história de Chico Xavier na trajetória por Uberaba é anticultural. Nega-se a História calcando-a em inverdades. Se o homem – único agente vivo da cultura – “perde” a dignidade, desvia-se do objetivo primordial da cultura. Mascará-la é fazê-la factoide da ação cultural, de uma cidadania às avessas. Delasnieve Daspet, presidente dos Direitos Humanos da OAB de Mato Grosso do Sul, nossa embaixadora da Paz em Genebra, Suíça, advogada e poeta das mais premiadas dentre as centenas de países que se uniram de forma sensível, pincelando poetas do mundo todo, na criação dos “Poetas Del Mundo”, do nosso carismático Luiz Arias Manzo, criou o site Luna e Amigos, reunindo seis milhões de visitas pelo mundo todo, repete cansativamente que Cultura não é balela. Não é só agregada à Educação, Esporte e Turismo. Gera emprego e conhecimentos. Se a cultura de paz é sonho, utopia, na sua visão poética, essa paz é por isso mesmo viável. Educando através da criança, no ambiente familiar e nas escolas, no combate à violência e com acompanhamento social-pedagógico sem assistencialismo, eis o núcleo familiar interferindo para um amanhã de uma paz em constante evolução, sem medos e traições. (Entrevista dada a jornal de MS) Delasnieve cultua o belo e nos leva ao exercício de cidadania caminhante referendada na criação e produção cultural. Não há outro caminho. Mesmo que a Lei Federal não aplique os 2% de toda a sua receita nesse caudal ambulante da arte cultura..., que propõe, mas não define pautas culturais da sociedade em meio ao pluralismo. Inclui-se mais como ator dos processos culturais na visão de Hamilton Faria, poeta e professor de Artes Plásticas da Faap (revista “Polis” número 12/1993). A Lei Rouanet pode “sacudir” agentes através de sofisticados e elaborados projetos, que demandam paciência, coragem e idealismo. Caminho das pedras direcionando para incentivos fiscais que a Lei faculta, não isentando de taxas e impostos o “operário cultural “na refrega de seu doce lidar”.

Um dos meus “doce lidar” prende-se a uma arte, vez que se limita ao que chamamos de Arte completa – a ópera. No afã de uma apresentação em realizá-la dentro de minha capacidade e bem otimista, iniciei meu objetivo, pesquisando ópera de W.A. Mozart, “As Bodas de Fígaro”, com cantores da cidade que preenchessem requisitos a que me propunha. Seria falada em português, com as árias e coros no original. Fez tanto sucesso que a lançamos em três récitas. O projeto interessou à Fundação Cultural de Uberaba, através da Lei Rouanet sob o patrocínio da Cemig. Embora lançada em 2008 no Cine Teatro Vera Cruz, foi sucesso pelo ineditismo artístico e o desempenho dos artistas cantores, no vocábulo que a define: memorável!

 Arahilda Gomes Alves

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