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Os que se fazem inimigos

Arahilda Gomes
Publicado em 07/11/2023 às 18:22
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O Dia do Amigo comemora-se com gosto. Contrapondo-se a ele, causa arrepio pensar que o inimigo anda à espreita e, por mais que se ignore, sempre há fagulhas provocando queimadas. O fogo da inveja se alastra e não há água que o apague.

O que se faz inimigo age na calada da noite escura e tenebrosa do seu consciente ampliado em Egos e IDs covardemente se desestruturando em atos anônimos, frutos de ser abjeto, sem nome e sem história. Embriaga-se no Eu, busca na força viva do ódio e da inveja, elementos destrutíveis de maquiavélicas ações, acreditando-se vitorioso em seus embates. Agrilhoado na suposta destruição de outrem, acredita-se tolher-lhes o caminho. Joga-se na vala comum do esquecimento e da indiferença.

Desprovida da verdade que liberta, da honradez que dignifica, do sonho que alimenta, da arte que alça voos à imaginação criadora e catártica, da visão que alcança perspectivas infindáveis, alimenta-se dos restos putrefatos do seu artifício maledicente, tendo os corvos como amigos de sua insana, indigesta, insaciável e imprestável nutrição. Descamba-se, definha-se em acrobáticos e mirabolantes saltos rasos, em atoleiros de lama, no “habitat” de porcos. E chafurda, feliz, em seu pequeno mundo, com vistas para o chão fétido e nojento. Se se investisse na temeridade a Deus, talvez pudesse refletir em ínfimo espaço escolhido, na grandeza do bem, que liberta e gratifica.

Se o fazer-se amigo privilegia, o ser inimigo destrói, corrompe e definha. O ser inimigo descreve trajetória de um tempo sem arrebol, sem arte desafiadora do viver, sem o sorriso do amanhecer, sem a construção triunfal da satisfação, sem a paz, que alimenta e sacia. O ser inimigo planta na imagem retorcida do gesto, o som inaudível da voz da consciência. Desatrela os laços afetivos, que emudecem a voz do coração, engasgando-se nas desafinações de desamor e de laços fraternais. O inimigo oculto, nas suas angústias de manhãs de glória, curte em noites escuras intermináveis os pesadelos desestruturados no fétido odor da maldade. Edifica futuro remoto de quem quer ser sem poder ser. Invejoso na sua maquinação diabólica, merece atenção, porque a nobreza da amizade reside, também, em condoer-se dos que não sabem fazer-se amigos!

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