Muitos compositores uberabenses merecem destaques em suas criações hinárias. Pensou-se em dar ao “Hino” de Rigoletto de Martino como o de nossa Uberaba. Mas, no Brasil, o futebol representa arte dos pés como símbolo de cabeça pulsante, de festa quase folclórica, em que Copa do Mundo é quinzena de acontecimentos jamais vistos em terras brasileiras. E o Hino do Uberaba (Sport Club) mereceu as honras de um passado, presente e futuro como turbilhão de grandes feitos futebolísticos, marcha a que Rigoletto a fizera como o Hino da cidade, repito, antes que Barão a quisesse ligada ao Uberaba Sport Club:
“Tenho fulgente história/Até os deuses já cantam minha glória/Sou o valente campeão/Que, de Uberaba, possuo o coração./Sempre leal e forte/Sou o denodado Uberaba Sport/O astro rei, brilhante sol/A potestade mor do futebol./Meus jogadores lutam sempre com afeição/Em prol do belo alvirrubro pavilhão/Nada os detém em seu fervor/Acometendo com ardil e valor/Em campo altivo, briosos, viris/Sempre triunfam na pugnas febris/Seus peitos tremem de santo ardor/E a glória beija num lance de amor.../Nobre e liberal/Meu time não tem rival/É vencer a sua divisa ideal/Tem vitórias mil/É a glória do Brasil/Ah, valente Sport/Tão invejado e sempre forte/Aleguá, guá, guá/Urrah! Urrah! Salve! Oh campeão/Da Princesa do Sertão!”.
Eis um grito de guerra. Um grito de entusiasmo conclamando o time à vitória. A música nasceu primeiro com Maestro Rigoletto de Martino. Posteriormente, famoso Barão – Lourival Beduíno do Carmo – adaptou a letra, em que a prosódia formou companheirismo brilhante em perfeito acasalamento: onde o tempo forte do compasso encontrava a tônica da palavra, sem distorção e sem cargorritmia, no sentido de comprometer a pronúncia.
Conta o historiador Carlos Pedroso, em suas brilhantes pesquisas, como fora o diálogo entre os dois compositores. Barão, que trazia tal apelido, por se trajar com elegância, comunicara ao maestro Rigoletto, sobre sua intenção de colocar letra à sua música, no que Rigoletto duvidava, pois o sabia pouco letrado. A teimosia do autodidata, mas de leitor assíduo, fazia-o confiante na sua contenda. E o Hino que Rigoletto queria como de Uberaba se tornaria a Marcha (sim: “MARCHA do Uberaba Sport”).
O historiador leva para a sala universitária análise primorosa da letra de Barão. Em crítica social literária, onde impera a literatura clássica: “Fulgente história” é o que distribui luz acreditando que futebol não traz foco de luz. Palavras como – astro-rei, a potestade, mor (maior), lutar com afeição (caberia energia, e não afeição), fervor (luta), ardil na acepção de – ação de iludir; nobre e liberal, mais aplicável em política; o torcedor não grita em campo: Alegua, gua, gua, Urrah! Mas, vai, vai, vai... Acredita-se que o autor procurou palavras visando as rimas, como: história e glória; campeão e coração; liberal e rival; mil e Brasil, como bom pesquisador de livro de rimas.
Tem seu grande mérito, embora, como relata Pedroso, o Hino dificilmente é cantado em campo, mas sempre executado musicalmente.
Arahilda Gomes Alves