ARTICULISTAS

Por quê trocaram o Hino Nacional Brasileiro?

Arahilda Gomes
Publicado em 14/11/2023 às 19:31
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Assim como há curiosidade em saber quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha, a motivação com que interrogava, nas aulas de Canto Coral, ao contar sobre o histórico do nosso Hino Nacional, era colocada na sala, interrogando: quem nasceu primeiro, a letra ou a música do nosso hino? Às vezes, escrevia na lousa o primeiro verso invertido, como era de praxe na época e deixava-os decifrar onde estaria o sujeito.

Tudo isso para que a classe cantasse nosso Hino com arte e civismo. No primeiro caso, contava sobre o hino vencedor de Leopoldo Miguez e Medeiros e Albuquerque, que nos albores da República, fora o hino escolhido em concurso. Cabecinhas ávidas, curiosamente, faziam perguntas, as mais inusitadas. Por que não fora conservado? Será que, em todo concurso, vencedores são escolhidos por antecipação? A História o renegou pelas metáforas, poema de difícil entendimento? Mas o tempo o consagrou...

Narrando: a música de Francisco Manoel, composta na abdicação de Pedro I, em 1830, permaneceu por cem anos e as letras eram adaptáveis de acordo com os fatos a serem exaltados. Marechal Deodoro da Fonseca, no período republicano, abriu concurso para escolher o que viria a ser nosso Hino Nacional, como dissera acima. Mas, o júri preferia o velho hino, quando Osório Duque Estrada adaptou a letra que conhecemos à bela música de Francisco Manoel.

E o que decidiram com o hino vencedor em concurso? Passou a ser nosso Hino à Proclamação da República, perfeito na sua estrutura sonora e poética: Seja um pálio de luz desdobrado/Sob a larga amplidão destes céus... E que se comemora a 15 deste novembro acalorado. Esperançoso sobre um grito de “Glória, que fale/de esperanças de um novo porvir!

Voltando ao hino maior, lástima, ouvir nosso hino cantado, cheio de vícios de linguagem e de entonação. Colocam: braços fortes, no plural; a preposição de um sonho, porque na segunda parte existe o Brasil, de amor eterno...Só associar que, na parte um, sonha-se e na parte dois, vem o amor eterno... E na sua execução cantada, conforme decreto, obriga-se cantar as duas estrofes, que, acredito, não voltar à outra parte, com a introdução. Afinal, o nome já o diz. O que muitos interpretam repetir tudo, na íntegra, o que discordo. Que se faça a letra do canto completo e na tonalidade adaptável à voz (Fá maior). Mas se só orquestrado, executa-se somente a primeira parte em tonalidade brilhante de si bemol.

Quando fui explanar sobre nosso Hino Nacional, numa formatura do SESI, um aluno veio a mim concluindo: Agora gostarei de cantar o Nino Nacional!

E você descobriu o sujeito nessa oração invertida? ” Ouviram, do Ipiranga, as margens plácidas/De um povo heroico, o brado retumbante”

Observe: as margens plácidas, não tem crase...

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