O frio chega meio corajoso, mas nada interfere no calor do nosso coração. Há como que uma rajada de luminosidade invocando boas ações. Parece que quase todo mundo quer ficar juntinho, numa simbiose de calor... humano. Até Roberto Carlos convoca: “Quero que você me aqueça neste inverno...” E completa com rima assustadora: “E que tudo mais vá para o inferno”. Bom, não se pode levar todo mundo pra lá. Vai quem quer, somadas as ações do dia a dia.
Se o instinto paternal e maternal atrai qualidades positivas, em que o carinho se interpõe, benevolente, agasalhando os pequeninos inocentes, nem sempre se encontra esse acarinhar em todo coração humano. Há tempo, a atitude do loirão descabeçado do Trump, nos EEUU, engaiolando crianças, afastando-as dos pais, é atitude monstruosa. Esse gesto aloucado leva a dois pensamentos. Ou ele não é filho de uma boa mãe ou é um “filho da mãe”, na acepção xingatória do nosso vocabulário, porque brasileiro sabe xingar, mas nem sempre agir. Vejam que o Brasil patina na lama da corrupção, mas ninguém dá tapa na cara dos “justiceiros” do STF, que pouco se “lixam” para o povo, considerando-se intocáveis.
Voltando à meca cinematográfica do “amigo” Trump, vamos olhar o seu gesto pelo prisma psicológico, embora essa pedagogia de quarenta e sete anos de experiências educacionais tenha sido cátedra de graduação. Pensaria ele que essas crianças estrangeiras incentivariam as do seu país? Ou as supõe monstrinhos, no berço-jaula de um mundo invernal, sem primaveras, animais perigosos, desumanos, contaminando a casta americana? Nega-lhes o convívio afetivo dos pais, os brinquedos de infância, os cantos infantis, os momentos de felicidade. Quer torná-las a imagem de um circo de desprezados. Inocentes do silêncio de uma história manchada pelo domínio da força, da vaidade, jogados nas valas de um holocausto de um “neonazismo”, consumindo um futuro sem presente.
Em passado distante, fui surpreendida pela filha de ex-colega com lembrança de muitas décadas, no Face. Nosso diploma de quarta série do antigo Primário, onde aluna nota dez, meu nome em destaque, como oradora da turma, em festa no Cine Metrópole. Evento de gente grande, onde os acontecimentos eram importantes desde a primeira etapa escolar conquistada. A curiosidade de encontrar nomes, hoje homens feitos agigantam-se familiares. Época promissora de bons exemplos como tônica de um Brasil gigante, embalado por canções de civismo e patriotismo, formando hábitos e atitudes sadias. Da sala de aula, as cabecinhas do irrequieto e saudoso Fabiano Cunha Campos, a quem revi adulto em Brasília; Fábio Terra, hoje aposentado em Cartório; Ester Passaglia, que se tornou professora; Alcides Caetano, o mano Ayrton Gomes, jornalista carioca de antanho; prima Leda Veludo, Maria Helena Lóis Maia, Ivone Maia, de quem nos tornamos colegas professoras; Telmo Teles, casado com Maria Odete Barros; Léa e Lutz Moreira, amigas prediletas, desconhecendo paradeiro; Ione Leitão, que se tornou Laterza; Chequer Saud, Djalma Sebastião da Costa, saudoso médico; Helena Sivieri, hoje viúva e de filhos maravilhosos; Ricardo Prieto, quase da família, e Aparecida Bilharinho, cuja filha me presenteara com a surpresa do convite, que a mãe guardara.
Uma geração saboreando a infância festiva, neste inverno propulsor do calor humano. Exemplos sagrados guardados em abraços do coração.