Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece e nem o primeiro beijo. Nasci justamente na década de 60, em que as mulheres rasgaram seus sutiãs em protesto contra a repressão e a favor da liberdade. Uma década antes, mais precisamente em 1951, o beijo na boca surgiu na TV Tupi, com a novela Sua Vida me Pertence, em que os atores Walter Foster e Lia de Aguiar deram um breve selinho. Mas só nos anos 60, com a juventude “transviada”, é que o beijo passou a ser uma manifestação pública de carinho entre casais (heteros).
De lá para cá muita coisa mudou. Já se vão quase 50 anos de vida com muitos sutiãs rasgados caminho afora e muitos beijos compartilhados para arrebatar um coração sempre apaixonado. Mas não é de sutiã e nem de beijo o tema principal dessa crônica, mas sim de um outro fato marcante na vida de muitos: o nosso primeiro colégio, o Colégio Tiradentes da Polícia Militar. Praticamente eu e uma turma de cinquentões nascemos com esta escola. Frequentamos desde as primeiras séries do ensino fundamental e só saímos de lá na conclusão do ensino médio.
Quantas vidas passaram por ali. Pelo corredor que dava acesso às salas desfilavam bem fardados os disciplinadores da época: senhor Vico, senhor Joaquim, senhor Jairo. Todos Cabos da PM que hoje fazem ronda em outra dimensão. Éramos muitos. Alegres, barulhentos, estudiosos, cheios de sonhos e com objetivos de vida. Vivíamos numa grande irmandade. Nos uníamos para tud para feira de ciência; para os jogos intercolegiais; para as competições entre os Colégios Tiradentes.
Quantos mestres colaboraram com a nossa formação. Dos Bracarenses aos Melos, passando pelos Espírito Santo e Camargo, a exigência pela excelência no ensino já fazia parte da meta do corpo docente desta escola. Que safra boa, tanto de educadores como de alunos. Não que hoje não o seja. Com certeza o é, tanto que nossos filhos seguiram o caminho na mesma escola. Mas hoje, ao completarmos 50 anos, não poderíamos deixar de reconhecer o grande benefício que o Colégio Tiradentes da Polícia Militar trouxe a nós, aos nossos pais e aos nossos filhos.
Muitos pais que, como o meu, ajudaram a erguer esse Colégio já não estão mais entre nós. Um dos últimos a partir foi o gestor responsável pela construção, coronel José Vicente Bracarense. Todos eles nos deixaram um legado importante não só na área da educação, mas também no reconhecimento do que a Polícia Militar é verdadeiramente capaz de fazer. Mesmo com todas as críticas que mancham a corporação hoje, nós, cinquentões, conhecemos bem a fundo uma Polícia Militar que soube amparar, educar e criar cidadãos de bens para a vida e para a paz. O Colégio Tiradentes a gente nunca esquece.