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No meu tempo era diferente!

Celi Camargo
Publicado em 31/05/2022 às 20:08Atualizado em 18/12/2022 às 19:59
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No meu tempo era diferente! Quantas vezes ouvimos as pessoas mais velhas se referirem ao comportamento dos estudantes de hoje, em comparação aos da década de 1970 e 1980. No meu tempo tínhamos que saber a tabuada; respeitávamos os professores, e tomar bomba era sinônimo de rigoroso castigo, que incluía uma boa surra. Sou dessa época e verdade seja dita: éramos mais respeitosos, quer seja por medo ou por educação mesmo. Decorávamos a tabuada e estudávamos com afinco para evitar as recuperações e a temida reprovação.

Há que se perguntar o que mudou de lá pra cá?

Não há dúvidas de que o surgimento da internet e das redes sociais teve grande influência em tudo isso. Mas, antes de falarmos desta tecnologia de comunicação, é necessário mencionarmos as mudanças no comportamento familiar. Muitos pais entregaram, literalmente, à escola o papel fundamental de educar os filhos. Os valores básicos, que devem ser passados aos filhos em casa, foram esquecidos.

Muitas vezes, assoberbados pela rotina de trabalho, os pais estão deixando de fazer o acompanhamento necessário à vida dos filhos. Os filhos carregam armas dentro das mochilas de escola, sem que os pais percebam. Até que o filho tome a decisão de levar uma arma para a escola com o intuito de ferir alguém, muita coisa acontece. Será que em nenhum momento não foi percebida mudança no comportamento desse jovem?

A ação de se armar para atender ao objetivo de vingar-se do outro é precedida de sentimentos de revolta, de ira. Os filhos dão sinais de mudança de comportamento e os pais têm que ficar atentos. Falta também nesta relação entre pais e filhos uma boa dose de diálogo. Falar do que é certo e do que é errado. Os pais de antigamente não eram dados ao diálogo, mas diziam muito sobre o certo e o errado.

Enquanto falta tempo entre pais e filhos dentro de casa, sobra espaço demais de convivência dos filhos com as redes sociais. Conectados o tempo todo, eles recebem um grande volume de informação dentro e fora de casa. A comunicação com os pais – quando há – fica restrita à troca de mensagens pelo celular. A ausência ou até mesmo a solidão é supostamente substituída pelos contatos estabelecidos nas redes sociais.

Sem filtros, as crianças e jovens recebem as mensagens, interpretam, criam novos comportamentos e agem de acordo com o que acham certo ou errado. E, assim, o mundo vai criando novos contornos, como um grande game, cujo roteiro é escrito por crianças. Um novo tempo, totalmente diferente.

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