Não somos apenas gênero definido pelo artigo “a”. Às vezes, somos “a”, somos “o”, somos tantas em uma só.
Não somos eternas, mas perpetuamos a vida, quer seja de forma biológica ou apenas de coração.
Nós nos viramos, tiramos forças das entranhas e colocamos em prática o plano de ação daquilo que acreditamos, em defesa da família e de todos que amamos.
Somos complexas como a língua portuguesa, mas sintetizamos todas as flexões do verbo amar. Amor sem limites, quando o ser amado é materializado na palavra “filho”.
Amor que não respeita o sono e nos mantém acordadas quando o assunto é esperar o filho chegar da balada.
Amor que nos aperta o coração, quando somos obrigadas a reduzir o tempo de convivência com o filho para nos dedicarmos ao trabalho.
Amor que não respeita obstáculos, quando a missão é garantir a vida de um filho doente.
Amor que nos permite errar e corrigir o erro em nome de um projeto maior que se chama educar o filho para o mundo.
Permitimos demais? Permitimos de menos? Permitimos na medida certa?
Corrigimos na hora certa? Esquecemos de corrigir? Simplesmente, viramos as costas e deixamos seguir?
O que é certo? O que é errado?
Será que nós, mães, temos todas as respostas?
Difícil saber. Aliás, vive-se uma vida inteira sem saber a resposta.
Sabemos que amamos os filhos e, em nome do amor, agimos.
Enfim, somos a gramática todinha do amor. Somos a biologia que explica a afinidade entre mãe e filho; somos a química que repele o perigo; a matemática que multiplica, subtrai, soma e divide entre todos os filhos o que há de melhor dentro de nós: o amor.
Celi Camargo
Jornalista, professora da Uniube, chefe de Gabinete Adjunta do Governo Municipal