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Deus abençoar - Baseado em Melhor Negócio Não Há

Charles Thon
Publicado em 13/09/2025 às 16:45Atualizado em 13/09/2025 às 16:46
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“Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.” (Luis Fernando Verissimo)

Pagamento honrado dentro do mês trabalhado, dinheiro na conta, bolso recheado e vamos às missões do dia. Primeira, ir à Lojas Americanas no Shopping Tambiá para comprar maionese Hellmann’s sabor limão. Não encontrei, mas achei alguém que em nada tem a ver com acidez, a colaboradora de nome Morgana, que arrumava um montante de chocolates KitKat.

Ao lhe perguntar onde ficava o produto, sendo ela PCD, leu meus lábios e balbuciou, mostrando-me de forma apontada. Na volta, agradeci pela atenção e ela respondeu com um sorriso que não necessita ser traduzido em libras. Fui comprar maionese, como não tinha, saí com quatro KitKat sabores branco, caramelo, coco e limão (se não tem tu, vai tu mesmo). E aprendi que muitas vezes o diferente faz a diferença.

A próxima missão foi ir ao banco retirar dinheiro de nota. Afinal, quem, como eu, cresceu brincando de dinheiro com papel de marcas de cigarro sente falta de ver o fruto sem ser somente no virtual. Ao passar em frente a uma loja de roupas, vi uma mãe resmungar e repuxar o filho pelo braço. Questionada por outra mulher: “Ele disse pro manequim de criança. Deus te abençoe!”. Foram-se rindo e o garotinho, que não tinha mais de três anos de idade, saiu se pendurando nas mãos das duas mulheres.

Mas será que ele viu apenas um boneco? E qual a diferença? Onde está a esquisitice do fato? O que fez uma criança dizer Deus te abençoe para um ser inanimado? Importa mais se o boneco não ouviu ou o que a criança falou? São questões que não cabem ao ser humano enxergar apenas pelo lado material, técnico, racional. Principalmente partindo de uma fala inocente, cuja mensagem de Deus te abençoe tem uma profundidade talvez não alcançável pelos adultos.

A terceira e última missão antes de almoçar e retornar para labuta foi levar meu tênis para o sapateiro consertar. Mas eis que um garotinho, sentado à porta do shopping, do beco da Casa Barros, tomando sua lição de leitura, ministrada pela sua mãe, para evitar futura cola na prova, perguntou-me se era bolsa, sapato… Falei que já tinha a pessoa certa. Fez o sinal de positivo e continuou na sua costura das letrinhas.

Ao tempo que esperava a colagem ficar pronta, aproveitei para parabenizar a mãe Flávia, aconselhar e desejar ao Arthur que continuasse nos estudos até se formar. Opa! Meu velho tênis ficou novo. Abençoo o garoto de carne e osso, despeço-me. Tomara que vá longe nesse alinhavar, numa costura reta pela estrada do saber.

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