Atendo pedido amigo sobre a crise de segurança no Rio, escrevendo que, ao chegar pela primeira vez na Cidade Maravilhosa, sem ironia, em 1986, para noivar; mal subi no ônibus coletivo, minhas primas pedem parada, desci sem entender nada. O cobrador avisou, o ônibus seria assaltado.
Dois anos mais tarde, em 1988, conheci o esposo de uma das minhas primas, residentes em Madureira; onde me hospedei à época da cerimônia de casamento. Até participaram da festa como meus padrinhos. Mas somente no ano de 2000, fui saber ser ele major da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Pois sequer usava farda.
Nesse mesmo período, dormindo na casa da minha sogra em São João de Meriti, acordei de madrugada com os gritos dela: “Tá queimando, tá queimando”, passando as mãos no colo do peito. Meu cunhado veio correndo, e ao olharmos para o chão... Lá estava a bala de fuzil e o rombo no telhado em direção à cama.
Eis que no presente, o que vem do alto não são apenas tiros alheios para cima. Mas imagens tristes de pessoas mortas, como um mosaico de cores mórbidas. Sob olhares perplexos na observância de corpos complexos, cabeças, troncos, membros desconexos.
Mas o drone plana realizando seu trabalho. Sem coração, não está nem aí para o que mandam fazer. Se lançar bombas ou filmar. Sem se importar de quando esses ainda meninos do Rio, empinavam suas pipas coloridas pelo céu, correndo e gritando pipa avoada. Agora, oh céus... São almas penadas.