Assisti a uma postagem sobre o experimento mais demorado da história, iniciado em 1927, na Universidade de Queensland, Austrália, no intuito de observar quedas de gotas de piche ou betume, que perdura há quase 100 anos, e que até agora só caíram nove gotas, das quais uma única foi vista cair no momento exato, esta filmada em 2014, e o criador da experiência Thomas, o cientista Parnell, já falecido, não conseguiu ver essa gota cair.
Isso porque o piche, derivado do petróleo, é um material que parece ser líquido ao mesmo tempo que sólido, mudando a sua consistência física dependendo da temperatura do meio ambiente que o cerca. Parece ter vontade própria.
Mais interessante que foi o material usado para vedar a arca de Noé, construção que demorou mais de 100 anos para navegar, enquanto Noé avisava sobre o dilúvio que viria, mas que nunca vinha, e as pessoas, ao invés de acreditarem na parcimônia Deus, cada dia mais ficavam descrentes, zombando do responsável pelo zoológico.
Descrença que comumente acontece conosco, seres humanos. Às vezes, por uma demora, uma passagem de tempo mais longa, nós perdemos a fé, a motivação, achando que se não for no nosso tempo, então não serve mais, não tem mais importância, não é para nós.
Quando, na verdade, tudo está sendo preparado, arquitetado, cuidado nos seus mínimos detalhes, para que quando aquilo que é nosso venha, no tempo certo, realmente saibamos usar, visto que, se tivesse vindo antes, não daríamos o devido valor e perderíamos, jogando, nós mesmos, fora.
Pelo fato de ser a paciência mister para o sucesso de conquistas, como bem disse Shakespeare em Hamlet: “A paciência é a mãe de todas as virtudes”. Coisa que na juventude, adultice, velhice, pecamos pelo seu não cultivo.
Falo por mim, já que não dei conta de esperar terminar a filmagem de segundos; paciência não tive de fixar o olhar no vitro, e num rabo de olho pro relógio na parede do vídeo, perdi a queda da gota de piche do funil, e graças não foi a queda da tranca da arca.
Viva o replay divino que sempre nos concede chance de rever a importância da gota de sangue caída na terra para nos fazer trilhar crendo, sem pausar sequer com vírgula, até nossa atracagem no porto final.
