As recentes operações policiais no Rio de Janeiro, que resultaram em centenas de mortes, são apenas uma amostra do colapso estrutural da segurança pública no Brasil. O que se vê não é apenas violência, mas a comprovação da incompetência estatal acumulada ao longo de décadas.
Os criminosos não temem a polícia, tampouco a Justiça. Quando o sistema Judiciário se mostra leniente, ele se transforma, involuntariamente, no sustentáculo do crime organizado. A ausência de punições exemplares e a morosidade processual criam um ambiente de impunidade que encoraja o banditismo.
Faltam políticas públicas sérias e permanentes voltadas à segurança. A conivência — muitas vezes nascida de decisões equivocadas de autoridades — aliada à benevolência judicial e à fragilidade do sistema prisional, fomenta a expansão das facções e o aumento da violência.
Enquanto o Estado não se reorganizar de forma ampla, com um Legislativo que produza leis severas e eficazes, um Judiciário comprometido em fazer cumprir as penas e um sistema penitenciário que mantenha os criminosos afastados das ruas, não haverá solução. Uma polícia bem treinada, equipada e valorizada é essencial, mas não pode atuar sozinha diante de uma estrutura legal e institucional falida.
Enquanto o Estado se mostra desorganizado, o crime se organiza. Essa é a dura realidade de um país que, por omissão e incoerência, falha em oferecer ao cidadão de bem o mínimo: segurança e justiça. É uma verdade que incomoda — mas que precisa ser dita, doa a quem doer.
Diógenes Pereira da Silva
Tenente do quadro de Oficiais da Reserva Remunerada - PMMG; formado em Segurança Pública pelo Centro Universitário do Triângulo; pós-graduado em Gestão Pública de Pessoas pela Faculdade Gama Filho de Brasília