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Brasil, o País dos Privilégios: onde está a esperança?

Diogenes Pereira da Silva
Publicado em 27/12/2025 às 11:17
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O problema não é a sociedade. É o sistema de poder que ela sustenta e que se protege com zelo absoluto.

No Brasil, quanto mais alto o cargo, maior o privilégio. Quem deveria servir é quem mais se serve. Ética, respeito e solidariedade viraram palavras decorativas. O poder não dá exemplo; dá as costas.

A desigualdade cresce, a pobreza avança, a violência se espalha. Mas o topo permanece intacto. Crises não atingem o andar de cima. Ao contrário: são administradas para preservar benefícios. O sacrifício é sempre do povo.

No Legislativo, salários elevados são apenas o começo. Somam-se carros oficiais, motoristas, diárias, auxílios e penduricalhos que afrontam o bom senso. 

No Judiciário, a situação não é diferente. Supersalários, verbas indenizatórias, auxílios diversos, férias estendidas e benefícios acumulados criaram uma casta blindada da realidade do país que julga.

Enquanto isso, o trabalhador comum, o que produz, paga impostos e move a economia, arca sozinho com transporte, alimentação e deslocamento diário. Quem ganha menos paga mais. Quem ganha mais quase não gasta. O Estado cobra de quem não tem e protege quem já tem demais.

Que país é esse em que o privilégio virou regra e o dever exceção? Que justiça se pode esperar quando aqueles encarregados de legislar e julgar vivem apartados da vida real?

Não existe justiça social quando a desigualdade é institucionalizada. Não há moral pública quando o próprio Estado legaliza o privilégio. O problema nunca foi falta de recursos. Sempre foi excesso de benefícios para poucos.

Não se trata de erro, nem de excesso pontual, trata-se de escolha. Escolheu-se proteger castas e sacrificar o povo. Escolheu-se legalizar privilégios e chamar isso de normalidade. Escolheu-se blindar quem manda e esmagar quem sustenta o Estado.

 Enquanto esse modelo persistir, não haverá reforma suficiente, discurso convincente ou promessa salvadora. A esperança não está adormecida: foi deliberadamente sufocada por um sistema que sobrevive da desigualdade que produz.

  

Diogenes Pereira da Silva

Tenente do Quadro de Oficiais da Reserva Remunerada da PMMG.

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