Nas realidades próprias da instituição familiar, as palavras “Aliança” e “Vida” são fundamentais. A primeira indica a condição de unidade para dar sentido à vida; a segunda é realidade indispensável para que exista a prática da aliança. É aquilo que encontramos nas indicações contidas nos textos bíblicos, porque as duas fazem coro com a história da humanidade, começando pelos relatos do Gênesis.
Sem verdadeiro cuidado com o jeito pessoal de viver, a vida pode chegar a uma situação de cansaço e vazio existencial, afetando inclusive a expressão de fé e de esperança sobrenatural. Foi o que aconteceu na vida dos profetas do Antigo Testamento, tendo que irem em busca das experiências de Deus no passado, na origem de todo o processo de aliança, que Deus fez com Abraão.
Entre os diversos profetas aparece Elias, desolado e triste no confronto com Acab e Jezabel e os falsos profetas de Baal (cf. I Rs 19,3-9). Foi inclusive ameaçado de morte, mas se escapou, fugindo para o deserto, podendo assim continuar sua missão de profeta. A aliança travada com Deus faz a pessoa defender a vida e acreditar na possibilidade de construir um futuro promissor e feliz.
Determinados comportamentos prejudicam muito a aliança, a unidade e a vida. Assim acontece nas situações das amarguras, irritações, cóleras, brigas, vinganças e todo tipo de maldade, porque levam a pessoa a perder as referências da paz, da harmonia e da convivência comunitária. A qualidade da aliança e da vida depende muito da palavra “amor”, que vem de coração desarmado.
Jesus, expressão máxima da aliança, apresenta-se como “pão descido do céu” (cf. Jo 6,41). Seus contemporâneos tiveram muita dificuldade para reconhecê-lo como tal. Não entenderam que tipo de pão Jesus estava falando, porque não estavam imbuídos ainda da dimensão sobrenatural da fé. O povo pensava apenas no aspecto humano de Jesus, porque sabiam ser ele filho do carpinteiro.
No contexto da aliança e da vida, Jesus é o revelador da figura do Pai do céu, daquele que fez uma Aliança de vida com o pai Abraão e com todo o povo de Deus na história. O Evangelho de João afirma que “Quem nele crê tem a vida eterna” (Jo 3,15). Assim, ele é o pão da vida, o novo maná da história, para a preservação da vida. A Eucaristia sintetiza, em si, a aliança e a partilha do pão da vida.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba