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Chaves da vida

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 25/08/2023 às 18:25
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Principalmente a existência da vida humana tem que estar ancorada em valores que a sustentam, como chaves que abrem portas. Nada existe no acaso, no vazio existencial e sem sustentação de base. Entre os inúmeros valores e chaves da vida, dizemos da sabedoria, da riqueza e do conhecimento de Deus, porque Ele está presente na raiz de sustentação e estímulo da vida das pessoas.

As chaves fazem parte do simbolismo de segurança. Digo “simbolismo” porque, para os assaltantes, não existe propriamente chaves que resistam às suas atitudes drásticas de arbitrariedades. Assim acontecia com as sentinelas dos palácios reais, os guardiões dos reis e dos imperadores, como também dos patrimônios públicos e privados, tanto do passado como daqueles do presente.

Quem cuida das chaves deve agir com firmeza e dedicação. A Palavra de Deus é chave de uma porta muito significativa, a do encontro dos indivíduos com Deus, em Jesus Cristo. Portanto, todo agente e anunciador da Mensagem do Evangelho tem, em suas mãos, um grande peso de responsabilidade, porque pode abrir os caminhos para a vida de comunidade e de contato das pessoas com Deus.

A fé, baseada na promessa da antiga Aliança, é uma chave para o povo de Deus entender qual era o caminho de salvação da humanidade. Isso foi sempre trabalhado pelos profetas na defesa da identidade de Javé. A fraqueza humana facilitava os desvios de rota e o povo acabava sendo manipulado pelas práticas da idolatria. Perdia a capacidade de compreender a transcendência própria de Deus.

No Evangelho, Mateus explica o sentido da chave quando fala da missão de Pedro, de porta-voz da fé messiânica, a quem Jesus entregou a responsabilidade de governo da Igreja. A ele foi atribuído o “poder das chaves”, como se fosse um administrador do palácio real, como acontecia nos reinos do passado. A vida de fé de Pedro lhe deu o poder de dizer a última palavra diante da Igreja.

Falar de chave é dizer do sentido e da lógica do poder. Na Igreja significa serviço exercido com solicitude, entrega, tolerância, misericórdia, compreensão e amor. É da identidade do poder agir também com firmeza, mergulhado no mistério de Deus presente na vida de todas as pessoas e da comunidade. Como Ele ultrapassa os limites humanos, é fundamental aderir à sua proposta de salvação.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

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