As sombras e a escuridão impedem a pessoa de ver e de contemplar a beleza da natureza humana, a sua própria dignidade, porque ela está perfeitamente introjetada na ecologia integral, como fio condutor de toda a criação. É a primazia da vida, como dom, que contagia a universalidade do ser, mesmo sendo ferida pela realidade da fome presente no mundo, com destaque para a nossa Nação.
Para quem tem o dom da fé, o Domingo da Páscoa leva um significado especial, enraizado na Ressurreição de Jesus Cristo. É um fato de esperança, que mexe com a vida do cristão, porque tudo se torna novo, claro e alegre. Na claridade da vida, que venceu a morte, vislumbra a certeza da eternidade. É como deixar o coração arder para continuar dando passos dinâmicos na trajetória terrestre.
No seio das comunidades cristãs podemos encontrar muitas barreiras, como também divisões e separações. Para superar essa realidade, que prejudica um andamento saudável, é preciso entender a Páscoa como uma passagem, uma forte expressão e prática do amor fraterno de Cristo pelas pessoas, com capacidade de provocar novas relações, novo modo de ser e de conviver.
Na dinâmica do processo cultural da modernidade, o mundo está envolvido em muitas situações de escuridão, de perspectivas frustradas e a esperança, em forte decadência. Numa linguagem bíblica, todas as motivações provindas da Páscoa cristã têm um caminho totalmente inverso, caminho de claridade, porque é um convite para a pessoa, também, “buscar as coisas do alto” (Cl 3,1).
O discernimento, como fruto de uma experiência dialogal, na convivência social e cristã, pode ser instrumento de fundamental importância para a pessoa fazer a melhor escolha daquilo que seja saudável para sua vida. Influenciam muito os valores da conduta e do testemunho coerente na prática comunitária. Somos seres sensíveis e seguidores de fatos que condizem com nosso modo de ser.
Com a Páscoa da Ressurreição começam novos tempos na vida dos cristãos. De cada pessoa é esperada a morte dos seus maus comportamentos, com capacidade de abertura para a transparência, a claridade dos atos e mergulho na vida divina, para assim poder viver dignamente. A fé em Deus e na Ressurreição de Jesus Cristo é a sustentação básica para a claridade, que vem do Domingo de Páscoa.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba