Deus é a perfeição, diferente daquilo que acontece na história dos povos. A criatura humana tem seus limites e a influência das forças que respingam na vida de cada pessoa. Até dizemos que nossa forma de agir é fruto do meio em que vivemos. As fake news são hoje grandes motivadoras de atitudes na contramão da cultura. E muitos se deixam levar por essas notícias falsas e tendenciosas.
Estamos num clima de bem-estar individual, com resultado de felicidade totalmente vazia, não duradoura e desconectada da dimensão propagada pelas palavras de Jesus. Para Ele, a felicidade é fruto de sacrifício, contendo as dimensões da cruz e as exigências das Bem-aventuranças evangélicas. A recomendação feita pelo Mestre é a descentralização de nós mesmos na busca da felicidade.
Os critérios de felicidade do mundo, dos que participam do mercado de consumo, são diferentes daqueles próprios do Reino de Deus. A principal exigência é a liberdade de coração e de mente, o despojamento e a capacidade para o exercício da fraternidade na comunidade, na partilha e na convivência humana. Há uma dicotomia entre o seguir a via do mundo ou a via proposta por Cristo.
As bem-aventuranças do Evangelho falam das pessoas de coração puro, isto é, daquelas que não se deixam, com facilidade, corromper na prática da maldade, envolvidas com os deuses da atualidade, como o dinheiro, o poder, o consumo desenfreado, o descontrole afetivo, etc. Um dos frutos da pureza de coração é a paz de forma duradoura e comprometida com o bem da saciedade.
Somente Deus é capaz de dar plena garantia de felicidade duradoura para todos os seres humanos. Um dos grandes perigos está na autossuficiência e no imediatismo, que envolve todas as pessoas de pouca consciência crítica, porque leva ao apego, às falsas e vazias seguranças oferecidas pela fértil dinâmica do mundo moderno, pois sabemos que são realidades passageiras e limitadas.
A razão humana busca ter conhecimento. A vontade das pessoas almeja felicidade, cada uma fazendo seu próprio caminho de conquista do melhor para a vida. Apesar de ser um caminho de cunho individual, o bem, que proporciona felicidade, precisa ser partilhado na comunidade. Tudo aquilo que a gente procura de bem deve ser encontrado no bem que nós mesmos realizamos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba