A história, em toda a sua trajetória, registra situações de corrupção, que acontecem de forma tão bem planejada e sutil, com capacidade de envolver pessoas, criando uma onda de naturalidade. O profeta Amós já denunciava essas práticas, sempre entendidas como verdadeiras ações de injustiça, e alertava sobre os oráculos de Deus sobre quem age com essas espertezas egoístas (cf. Am 8,5-7).
Vemos, pelas agências de notícias, o desmantelamento de organizações de corrupção presentes em todo o país, algumas delas em conluio com outros países. São poderes agindo em paralelo e em competição com o papel administrativo do Estado. Essas corrupções organizadas evidenciam a presença destruidora e a força do mal na sociedade. Devem ser combatidas e penalizadas com coragem.
Amós cita uma frase que nos deixa a pensar seriamente sobre a brutalidade da corrupção: “Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres sobre a terra” (Am 8,4). Deus, que é justo juiz, não esquece o mal que as pessoas praticam, principalmente o abandono da justiça e da honestidade, prejudicando a vida dos mais fragilizados. O caminho correto é a conversão.
É fundamental entender que Deus não é um juiz vingativo no julgamento, mas quer que a justiça seja feita com o rigor da Lei. Quer a salvação para todos, mas este “todos” tem uma configuração de plena coerência em relação à vontade do Senhor. Deus seria um magistrado injusto pelo fato de não exigir justiça de quem age com atitudes escusas e com organizações maquinadas de corrupção.
Muitos administradores esbanjam os bens do patrão rico. Não deixa de ser uma prática de corrupção e agir com esperteza. Pela doutrina da moral cristã, para quem rouba não existe perdão, a não ser quando houver ressarcimento. A característica primeira, que identifica o Reino de Deus, é a justiça e só assim haverá possibilidade concreta de harmonia na convivência social e comunitária.
As palavras, enganação e suborno, qualificadas não fazem eco nos ensinos de Cristo no Evangelho. Aqui podemos citar a Palavra de Deus: “Os filhos deste mundo são mais espertos nos negócios do que os filhos da luz” (Lc 16,8). Ninguém tem direito de tirar proveito da fragilidade do outro, deixando de conectar a fé com a vida, senão estará negando a identidade da sua vocação, dada por Deus.