Não é fácil realizar uma oração autenticamente verdadeira. Ela exige convicção, atenção, confiança e acreditar que Deus acolhe generosamente os pedidos que a pessoa faz. A fé é elemento central na prática da oração e do contato espiritual com Deus, porque ela ultrapassa a esfera da dimensão simplesmente humana e coloca a pessoa numa realidade sobrenatural de encontro com o Senhor.
O diálogo com Deus pode ser insistente e até questionador, mas sempre reconhecendo o total respeito e a esperança que dele vem de forma positiva e justa. A questão aqui é saber como são feitas essas orações, como se colocar diante de Deus vivendo num mundo marcado por tantas desigualdades, injustiças e carência de práticas verdadeiras e honestas, na convivência social.
Existem muitas orações feitas de forma apenas devocional, praticadas por tradição e sem compromisso com o que é pedido e rezado. Não podemos dizer que não têm valor diante de Deus, mas geram pouco compromisso com o sentido espiritual e social da vida. A intimidade que se deve ter com Deus supõe intimidade com o ser humano e respeito para com a dignidade humana.
A oração significa que existe uma relação afetiva de Deus com toda a humanidade. Isto aparece no fato da Aliança feita com Abraão, ligando o divino com o humano numa prática que leva ao compromisso relacional entre Deus e a pessoa humana. A palavra de Abraão, para defender os justos, sensibiliza Deus a fazer justiça com o povo por existirem pessoas justas em seu meio (cf. Gn 18,23s).
O apóstolo Paulo evidencia que o batismo cria proximidade entre as pessoas e abre caminho para o diálogo do cristão com Deus. Mas ele é fruto de sério compromisso histórico da fé na vida social e comunitária, porque, como diz o ditado popular, ninguém se salva sozinho. A real dimensão de eternidade supõe compromisso de humanidade, de partilha e convivência fraterna.
Jesus age como um verdadeiro mestre de oração, mesmo apresentando apenas o Pai Nosso como diálogo com o Pai, onde ele sintetiza toda a realidade do projeto de sua missão na terra. Quem reza com convicção deve se comprometer com as palavras que pronuncia e reconhecer a ação de Deus diante daquilo que é pedido. Tudo deve expressar através do diálogo da fé, do compromisso com a vida.