No caminhar da história, toda pessoa faz escolhas na vida, suas preferências em cada momento, porque todos querem fazer o melhor. A Palavra de Deus está cheia de motivações que ajudam na escolha. Basta estar consciente e fazer o discernimento diante de um duplo caminho, ou para o bem ou para o mal. A motivação divina conduz a escolhas positivas, onde é possível ter vida realizada e feliz.
Quando determinada pessoa faz uma escolha consciente, principalmente no contexto vocacional, para um estado de vida como opção, a desistência não é o melhor caminho. É preciso trabalhar e investir na escolha feita. Em qualquer uma delas existem momentos difíceis, muitas situações dolorosas, todas passíveis de ser vencidas, mas sim quando tudo é assumido com determinação e amor.
Determinadas propostas de aliança, como aquela feita por Deus com Abraão (cf. Js 24,3-4), exigem discernimento e escolha. Para o povo do Antigo Testamento, o caminho era fazer a opção pelo Senhor verdadeiro ou pelos deuses pagãos. Mas, para Josué, um dos sucessores de Moisés, a decisão foi determinante, quando diz: “eu e minha família serviremos ao Senhor” (Js 24,15).
Ser cristão é uma escolha de vida. Seguir Jesus Cristo exige coragem, porque não é fácil construir apenas o caminho do bem. Às vezes, é necessário enfrentar muitos desafios, propostas anticristãs e totalmente desconexas com os ensinamentos do Senhor. Não deixa de ser um caminho de santidade, porque exige sacrifício e ação com foco voltado à vida comunitária e atenção às necessidades do outro.
O matrimônio é fruto de uma escolha, mas tem que ser livre e consciente. Não é realidade simplesmente por acaso. É externar um sentimento amoroso natural, que vem de dentro da pessoa, como um impulso divino e determinante para o encontro com alguém que possa realizar a complementariedade. É a expressão de amor-doação, fecundo e duradouro, enraizado na Pessoa de Jesus Cristo.
Deus age nas escolhas feitas pelos seres humanos. Assim sendo, podemos dizer que acontece um sopro divino nas realidades humanas, fazendo com que as pessoas sejam capazes e habilitadas para opções verdadeiras. Mas é preciso abandonar certos costumes e atitudes irresponsáveis e sentir a presença atuante e generosa de Deus na condução da vida de quem fez uma escolha vocacional.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba