A palavra excluir tem sentido de desprezo, de abandono e de esquecimento. Na vida social, onde são envolvidas as pessoas humanas, a conotação se torna muito mais grave e evidente, porque alguém é colocado fora da convivência e relacionamentos pessoais. Mas uma doença física também pode causar distanciamento de quem a leva consigo, principalmente as mais graves e contagiosas.
Pelo contrário, incluir significa recuperar o que foi perdido da convivência entre os seres humanos. Na prática de Jesus, além de curar o doente e de inclui-lo, suas atitudes eram também de salvar espiritualmente a quem estava perdido, distante das pessoas e de Deus. É justamente por isto que Ele disse diante do leproso que lhe pedia para ser curado: “Eu quero: fica curado” (Mc 1,41).
A lepra era uma doença excludente. O leproso deveria ficar isolado para não contaminar os outros. Hoje já é diferente, porque essa doença é controlada pela medicina. Atualmente, há doenças mais graves de exclusão. Talvez a maior delas seja o atual desequilíbrio econômico e social, o acúmulo desenfreado e desnecessário, que impede a possibilidade de vida digna da maioria da população.
Nos últimos tempos, temos deparado com muitas atitudes destruidoras da estabilidade comunitária e individual, desmontando a serenidade da vida social. As polarizações políticas e religiosas vêm contaminando as pessoas, gerando distanciamento, agressividade e até morte. O que sobra mesmo é a exclusão, porque grande parte das famílias estruturadas acaba perdendo o vigor da unidade.
A comunidade cristã deve ser espaço de fraternidade, de inclusão, onde não cabe atitude de privilégios pessoais que sacrifica a convivência e a harmonia entre os membros. Por outro lado, existem pessoas que se isolam naturalmente e ficam em atitude de excluídas, porque não participam daquilo que solidifica o ambiente e nem contribui para que haja uma convivência saudável, fundada no amor.
Na visão do Papa Francisco, confirmada por ele na Carta Encíclica intitulada “Fratelli Tutti”, todos somos irmãos. Isto é sinal concreto de que não pode haver espaço para a exclusão de ninguém na comunidade. Se acontece, é porque falta autenticidade pessoal, sensibilidade cristã e coerência de fé. Nos ensinamentos de Cristo e na sua prática de vida, procurava incluir os excluídos do convívio.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba