Todo ano, na Festa da Ascensão do Senhor, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Este ano é o 57º, com o tema “Falar com o coração” e o lema “Testemunhando a verdade no amor” (cf. Ef 4,15). Esse fato está ligado ao envio do Comunicador de Deus, o Espírito Santo. Nele a comunicação desperta uma variedade de ministérios e capacidade convergente de unidade.
É característico da palavra comover as pessoas e direcioná-las para algum interesse predeterminado. Isto significa entender a força que o comunicador tem nas mãos, ou seja, nas palavras, e pode usar isso para o bem ou para o mal. É o que está acontecendo com as fake news das redes sociais, provocando muito “barulho” no mundo político, ideologias extremistas e prejudiciais ao povo.
A identidade das palavras passa pelo testemunho de quem fala, mas precisa ser verberação da verdade e do amor. O problema é transmitir mentiras e falsidades, enganando os ouvintes. Fazem com o coração, mesmo com más intenções, e conseguem convencer as pessoas de personalidades falhas. São atitudes que mais prejudicam do que ajudam na construção de uma sociedade sadia.
Quando o Papa Francisco usa, neste 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a dupla expressão, “Falar com o coração, testemunhando a verdade e o amor”, ele está preocupado com a comunicação dos últimos tempos. O que vemos é um mundo que provoca guerras, ódio, vingança e individualismo. O sofrimento é de todos, deixando um legado de insegurança para as novas gerações.
Jesus foi condenado à morte na cruz justamente por causa da autenticidade contida na sua fala, porque falava com o coração e com o testemunho de vida. Ele propunha às pessoas um olhar para o alto sem abandonar os compromissos existenciais do cotidiano. Esta exigência da verdade na fala continua sendo fundamental para uma boa comunicação dos nossos instrumentos de hoje.
Celebramos a Semana da Unidade dos Cristãos, mas sempre buscando caminhos de vida nova na convivência. A Palavra de Deus, proclamada a partir do coração e do testemunho, quer potencializar e sensibilizar o interior das pessoas para a solidariedade, a harmonia e a paz. É uma via de serenidade, de paciência e inspiração do Espírito Santo de Deus, Daquele que conduz o destino dos cristãos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba