As fragilidades humanas são situações sensíveis, vindas de incertezas, que deixam a pessoa confusa e desorientada, chegando a sintomas de medo e desespero. Parece perda de sensibilidade para com o que é permanente e duradouro. Ao cristão, na visão de eternidade, o apego se dá na Pessoa de Jesus Cristo. Dentro dessa dimensão, as inseguranças e fragilidades são substituídas pela fé.
A figura de Jó, no Antigo Testamento, mostra as fragilidades que uma pessoa é capaz de viver. Para ele, a vida é luta e trabalho constante, mas de muito sofrimento (Jó 7,1ss). Ele até questiona sobre o sentido mesmo da existência da vida sobre a terra. É uma realidade que depende de ação e superação das fraquezas, com muita sabedoria, com abertura da mente e do coração para Deus.
A vida passa com muita naturalidade, o tempo não espera, e as pessoas não deixam de ter as vaidades que fortalecem o moderno individualismo na hodierna cultura. Jó já percebia essa realidade em seu tempo, reconhecendo as fragilidades do ser humano, mas não escapa dele a abertura para a misericórdia divina. Em meio ao sofrimento, procurava dar sentido verdadeiro para sua vida.
Agir contra os princípios do Evangelho é ter uma prática de fragilidade. Foi justamente o que sucedeu com Paulo de Tarso. Antes, grande perseguidor dos cristãos, mas, convertido, reconheceu estar agindo na contramão dos ensinamentos de Cristo. Chega a dizer: “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho” (1Cor 9,16). Paulo entende que a Palavra de Deus pode curar muitas feridas de fragilidade.
Assumir a fraqueza humana é condição fundamental para ajudar os fracos a serem verdadeiramente fortes. É este o caminho da Boa-Nova do Senhor, vivenciada e proclamada por Paulo na missão de evangelizar. Às vezes, não basta somente o testemunho pessoal. Anunciar a Palavra pode ser fundamental no desempenho da missão de sensibilizar o outro diante de suas fraquezas.
Além das fraquezas espirituais e psicológicas dos seres humanos, há também as doenças físicas. Jesus procura curar todas essas deficiências, aquilo que tira a normalidade das pessoas. Essa prática de poder, autorizado por Deus, dava a Jesus popularidade e visibilidade concreta do amor de Deus por seu povo. Assim devem agir os cristãos diante dos embates do mundo moderno.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba