Jesus proclama que, quem permanece Nele, produz muitos frutos. São frutos concretos, vindos do testemunho e da prática de vida, consequência da verdade, da honestidade e da justiça. Quem ama de verdade produz frutos de bondade, de fraternidade e vida digna. Essa realidade é muito pouco considerada na cultura moderna, porque houve grande perda do senso da prática do Evangelho.
Podemos dizer que é quase impossível conseguir frutos bons dentro de um momento enxertado de guerras assassinas. Como se sabe, as consequências aí evidenciadas são de morte, destruição e desespero total. Essa realidade não condiz com a proposta do Reino de Deus, porque não tem perspectiva de felicidade e bem-estar social e os valores são depreciados e substituídos pela violência.
Os frutos do bem dependem sempre da habilidade generosa das mãos humanas e das fecundas bençãos de nosso Deus. Mãos estendidas para o irmão mais necessitado e livres para ajudar. São frutos que saem do íntimo do coração, do esvaziar-se para dar felicidade e conforto ao outro. Fazer isto não deixa de ser uma dinâmica desafiadora, mas cheia de frutos ricos e saudáveis.
O interessante é que a vida passa com muita rapidez. Assim diz o livro dos Provérbios: “o encanto é enganador e a beleza é passageira” (Pr. 31,30). Corremos o perigo de cuidar apenas de nós mesmos, de nosso ego e perder a oportunidade de apresentar frutos de fraternidade e de acolhida ao próximo. O certo é que não podemos nos apresentar diante de Deus com as mãos vazias e inférteis.
Todas as pessoas devem ser administradoras de bens e de situações da natureza, construtoras das novas realidades sociais. Uns constroem mais e outros menos. Não há como medir o nível dos frutos produzidos, mas é possível melhorar a capacidade de trabalho. O importante é ser bom e honesto administrador, pessoa de confiança e sensível aos gritantes problemas que afetam a todos.
O cumprimento autêntico da missão, quando realizado diuturna e paulatinamente, com criatividade, capacidade e ânimo, ocasiona alegria e felicidade. É a realização de uma vocação, ou resposta diante das propostas de Deus para cada pessoa. Sendo vocação, Deus dá o necessário, a capacidade de discernimento, a sabedoria e as forças indispensáveis para seu cumprimento.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba