A palavra “Aliança”, que se tornou realidade no diálogo entre Javé e Abraão (cf. Gn 17,9-10), revela perfeitamente a face humana de Deus, concretizada no fato da Encarnação do Verbo e nascimento do Filho, Jesus Cristo, tornando humano Aquele que também era, e é, divino. Na prática, a vida real de Jesus teve marca de humanidade, principalmente no seu relacionamento fraterno com as pessoas.
Ter compaixão com as pessoas é ter atitude de humanidade e de reconhecimento da dignidade do outro, especialmente em seus momentos marcados pelas fragilidades físicas, psíquicas, espirituais, materiais e desigualdade social. Ser humano implica ter compromisso e comprometimento com as pessoas mais necessitadas da sociedade, como o fez Jesus em relação aos frágeis de seu tempo.
Não é fácil ser verdadeiramente humano, porque exige saída do individualismo, da centralidade em nós mesmos, do egoísmo e de tudo aquilo que nos distancia do outro. Jesus é modelo de realização de tudo isto, agindo acima de qualquer tipo de interesse particular egoísta, possibilitando e habilitando aos seus seguidores, atitudes também humanas de solidariedade e de compaixão.
Existem muitas lideranças com práticas desumanas pelo mundo. Em diversos países há crise de humanidade, o desrespeito para com o ser humano é impressionante. Basta ver que milhares de cristãos estão sendo ceifados brutalmente por defender a fé em Deus. No próximo dia seis de agosto, numa data convencional, estamos sendo sensibilizados para rezar por esses irmãos perseguidos.
Jesus falou sobre a importância da unidade, a diminuição das diferenças, do ódio, dos preconceitos, mostrando que o perdão é mais importante do que a punição. Só assim, com práticas humanas, será capaz de construir paz no meio da sociedade. O Papa Francisco, ao falar do aspecto humano da cultura, convida o mundo a derrubar os muros de separação e a construir pontes de união.
Pelo seu lado verdadeiramente humano, por ser acolhedor e por agir com autoridade, Jesus era seguido por multidões carentes de esperança, porque eram como ovelhas sem pastor, e depositavam crédito nele. A forma como Jesus agia diante de todos revela um ensinamento novo, significando o mistério de amor de Deus Pai, que consola as pessoas e dá sentido para a sua existência.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba