Na Igreja Católica, indo às origens bíblicas, principalmente no texto do livro “Atos dos Apóstolos”, detectamos a escolha de homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para assumir um Ministério importante, o Diaconado Permanente (cf. At 6,3). Identificaram sete homens, escolha feita pela comunidade, por pedido dos Apóstolos, de quem receberam a imposição das mãos.
Nos tempos da Idade Média, esse Ministério foi pouco ou quase nada valorizado, mesmo fazendo parte do Sacramento da Ordem. Talvez tenha sido uma perda nos trabalhos sociais da Igreja, porque é o objetivo principal da missão dos Diáconos Permanentes. Normalmente são homens casados, auxiliados por suas esposas, servindo às necessidades caritativas das comunidades.
No Concílio Vaticano II (1962 a 1965), esse Ministério foi amplamente discutido e recuperado em sua integridade, dando a ele o espaço de primeiro grau, ao lado do Presbiterado (segundo grau) e do Episcopado (terceiro grau) do Sacramento da Ordem. Na estrutura da Igreja hodierna, temos o Diaconado Permanente e o Diaconado Transitório, sendo este último para os candidatos ao Presbiterado.
Está crescendo no Brasil o número de dioceses instituindo o Ministério diaconal. O importante é descobrir a riqueza desse serviço, fundamental no trabalho pastoral, mas precisa ser bem orientado para as áreas da caridade social. Não pode ficar restrito ao trabalho de altar, mas de ida aos ambientes mais fragilizados da sociedade, aos mais pobres e necessitados nas suas condições de vida digna.
Celebramos o Terceiro Ano Vocacional na Igreja do Brasil. É um espaço de reflexão sobre a ministerialidade, isto é, os serviços ao povo de Deus no meio das comunidades. A vocação é uma identidade pessoal, originária da inspiração divina, que supõe missão, ou serviço concreto, com objetivos claros. O coração humano se move diante das propostas da Palavra de Deus, fazendo os pés caminharem.
Na cultura moderna, com marcas de extrema diversidade social e econômica, cada Diácono deve colocar suas habilidades na construção do bem comum entre os mais carentes, naqueles espaços onde o sofrimento da população local é preocupante. Deve ser um caminho de ressurreição, de seguimento das propostas libertadoras de Jesus Cristo, conforme o anúncio do Evangelho.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba