O que nós chamamos de Mistério Pascal é a consequência da Encarnação do Verbo de Deus em Jesus Cristo e se refere a todos os acontecimentos históricos durante as Celebrações da Semana Santa, que são: Paixão, Morte, Ressurreição e Ascenção do Senhor. A isto se acrescenta também a Festa de Pentecostes. No estudo da teologia, é a Economia da Salvação, Mistério realizado por Cristo.
A Páscoa continua viva nos compromissos das comunidades cristãs, na vida particular de cada cristão e deve sugerir fraternidade e partilha de bens para ajudar numa melhor convivência das pessoas. Páscoa é todo dia, é expressão autêntica de fé e de compromisso social permanente, de construir vida e realidades novas, desvinculada de todo tipo de amarras que impedem a dignidade individual.
A vida de fé em Deus é marcada por muitas provas. Ela é “como ouro na fornalha, para depois brilhar com Cristo em sua glória”. O modelo de prova é encontrado em Jesus Cristo, cujo perfil de sofrimento todas as comunidades cristãs meditaram na memória das Cenas da Semana Santa. Mas é um sofrimento que liberta e dá dignidade para a vida humana, elevando-a à dignidade divina.
Continuar celebrando o Mistério Pascal significa reforçar a confiança e a esperança no Espírito de Deus, naquilo que é capaz de realizar, na sociedade, a paz desejada pelas pessoas, principalmente pelos cristãos. Essa paz, para ser duradoura, exige dos interessados estar bem com o Deus da paz e com os irmãos de caminhada. Não é um fato apenas da Semana Santa, mas de todo ano e de toda vida.
A principal consequência do Mistério Pascal, ou Celebração e vivência da Páscoa no início do cristianismo, foi a formação de unidas e comprometidas comunidades cristãs. Isto está registrado no livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, conforme o seguinte versículo: “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum” (At 2,44). Eram comunidades realmente pascais e fraternas.
Três aspectos importantes, que devem motivar também as nossas comunidades de hoje: a comunhão dos bens materiais (para não deixar ninguém passar necessidade), fração do pão (significando celebração comunitária da Eucaristia) e orações frequentes entre os membros. Todas estas realidades e atitudes refletiam o testemunho concreto da convivência entre os cristãos, que atraía as pessoas.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba