Os desafios da vida cotidiana podem ocasionar, nas pessoas, uma realidade de desânimo, de baixa autoestima e desistência. A serenidade e firmeza são frutos de algum tipo de apoio, porque nunca podemos dizer que somos perfeitos e acabados, tanto no aspecto da estrutura física como psicológica, social e espiritual. Numa doença, por exemplo, há necessidade do apoio médico e dos remédios.
O fato real dos limites humanos não significa incapacidade de superação. Os cristãos, principalmente em tempos desafiadores, buscam força e apoio nas outras pessoas, em Cristo e nas indicações de sua Palavra bíblica. Em certas catástrofes, que têm acontecido com muita frequência nos últimos tempos, o principal apelo se faz a Deus, em quem as pessoas de fé depositam confiança.
Há situações em que o desespero desestrutura totalmente a pessoa, a esperança vai a zero e a vida perde o sentido de existir. É justamente nestas circunstâncias muito pontuais que deve existir o reconhecimento dos limites e das incapacidades reais do ser humano. Somente a fé sobrenatural é capaz de reverter e preencher o vazio existencial desses momentos trágicos na vida das pessoas.
Muitas situações hoje ocasionam desespero e desistência. Podemos evidenciar os desastres provocados pela própria natureza e, em muitos casos, também com a destruição e cooperação humana; temos as guerras espalhadas pelo mundo, e dizem que podem chegar a mais de cem, e ainda as desavenças pessoais e localizadas, como é o caso das organizações criminosas espalhadas pelo país.
Os sofrimentos pessoais não podem ser causas de desânimo e desistência, porque o ser humano tem habilidades suficientes para sublimar grande parte de suas deficiências. Mesmo sabendo não ser um herói, deve continuar lutando pela própria libertação. O apóstolo Paulo diz que quem é fraco, debilitado e limitado é justamente aí que está a verdadeira força, pois ela vem de Deus (cf. II Cor 12,10).
Numa atitude de simplicidade e maneira humana de vida, Jesus não se deixa abater e nem desiste diante dos conflitos e das reações com que seus contemporâneos engendravam contra ele. A força pessoal que tinha não vinha de prestígio, fama, status social e poder, mas simplesmente de Deus. Essa realidade choca com o estilo de vida da cultura moderna, marcada por poder nas redes sociais.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba