Os frutos são consequência normal de uma árvore frutífera. Pode existir também a infecundidade, desvio de sua potencialidade. O mesmo pensamento podemos dizer das plantas, dos animais, da terra, do ser humano, de uma máquina, uma indústria, todos são destinados a produzir frutos. O que se espera é que todos eles sejam bons, de qualidade e agradáveis para o bem da humanidade.
No livro da Bíblia podemos encontrar a expressão: “Sejam fecundos” (Gn 1,22). Essa fecundidade tem a força da história, da preservação da espécie humana, mas também da natureza criada, porque o que está como alvo é a vida na terra. Permitir uma árvore produzir frutos é colaborar na estabilidade do bem da humanidade. De forma generalizada, os frutos sejam consequências saudáveis.
Jesus diz que para produzir frutos, entendidos aqui como trabalhos que defendem a vida, constroem amizade social e o bem comum, é necessário permanecer estreitamente ligado a Ele. É a analogia do ramo que absorve a seiva produzida pelo tronco. Jesus é o troco e dele vem tudo aquilo que é necessário ser feito para ter como consequência os frutos dentro dos objetivos programados.
Os bons frutos amadurecem, ficam saudáveis e, depois, são colhidos. Numa realidade de discrepância ideológica do momento cultural, há o perigo dos nossos trabalhos não produzir frutos de vida feliz e a colheita ser um desastre. Em muitos casos, os frutos são de falta de liberdade, de violência e de morte. É sinal de que os ramos não estavam em sintonia prefeita com o tronco, com Deus.
A fecundidade da vida tem um núcleo central, que deve ser norteado pelo termo amor, o mais possível, dentro da lógica de Deus. Não é fruto apenas de palavras, mas com ações de verdade. Uma verdade edificada no testemunho autêntico e capaz de provocar vida nova. Então, aquele que procura fazer o bem na comunidade tem que permanecer em Deus e agir com os critérios de Deus.
A esterilidade social de uma pessoa equilibrada e normal pode ser expressão concreta de esvaziamento interior. Talvez esteja aí o sentido da baixa autoestima e perda do sentido da vida de muita gente. Um ramo tem que estar ligado ao outro e ao tronco para produzir frutos. É o perigo do subjetivismo e isolamento. Sem Deus no coração e sem amor ao irmão, é impossível produzir bons frutos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba