A convocação supõe um chamado, uma resposta e um envio para alguma missão dentro do contexto da vida natural da pessoa. A resposta deve ser fruto de decisão e determinação, para realizar os objetivos da convocação, mesmo sabendo das fragilidades que acompanham o ser humano em sua própria individualidade. É como um “sim”, dado para construir algo causador de realização pessoal.
Todo ser humano é convocado, pela sua própria natureza, a ser construtor, a ser fecundo, a multiplicar seus dons e submeter a terra ao seu domínio (cf. Gn 1,28). Portanto, ter o coração inflamado de interesse e compromisso na construção do bem como expressão do dom da caridade e do amor ao outro. Realizar o mal é trair a inviolabilidade individual depositada na pessoa pelo Criador.
Cumprir uma missão pode ser embrenhar-se por caminho desafiador, principalmente quando afeta o brio do outro. É o caso de exercer uma profecia, quando mostra os atos de injustiça praticados. Foi o que aconteceu na trajetória do profeta Amós, porque suas palavras incomodavam autoridades desonestas (cf. Am 7,10). Ele teve uma postura coerente com as exigências da Palavra de Deus.
Assim a pessoa humana tem a marca da dignidade ilimitada e é convocada para fazer o bem. Na palavra, “bem”, está englobada a universal possibilidade da vida em plenitude, da felicidade e do bem-estar. Mas não é o que normalmente acontece na sociedade com tanta violência e desajuste pessoal. Gosto de um ditado popular amineirado, que diz: “Vida é bela, nós é que bagunça ela”.
A convocação é um processo de conversão que, às vezes, exige mudança de direção. É deixar uma forma de vida para assumir uma outra de maneira bem concreta. Isto acontece quando a pessoa se apropria de uma profissão, de um compromisso pontual de realizar algo na sociedade. O detalhe principal é agir de forma coerente, com autenticidade e, principalmente, com verdadeiro testemunho.
Existe um apelo natural para a realização da vida de forma saudável. Na dimensão cristã, isto é muito forte, porque condiz com os princípios da Palavra de Deus. A convocação para a missão supõe partir, caminhar de maneira livre e de coração aberto em direção a algo importante para o bem de todos. Assim falamos de vocação cristã como impulso para a missão de evangelizar.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba