Há mais de uma forma para se entender a palavra “postura” de uma pessoa. Ela pode ser física, como é o caso da posição do corpo humano. Mas não é o que queremos falar aqui. Trata-se de comportamento, de atitudes dignas e educadas da pessoa na sua maneira de se relacionar com alguma causa. Era o que Jesus exigia de seus seguidores no anúncio da construção do Reino do Pai.
A paciência e o acolhimento são duas posturas sadias, que estão em conformidade com a maneira própria do agir de Jesus. Pois Deus é essencialmente paciente e acolhedor de seu povo, por isto lhe dá tempo para se corrigir das atitudes que afrontam os ensinamentos que vêm do Evangelho. Isto é agir de forma totalmente compassiva ao dar preferência para o exercício da misericórdia.
É na postura da paciência e do acolhimento que podemos falar de justiça do Reino. A ação de Deus nunca é injusta e não se vinga dos injustos. É como a parábola do joio e do trigo, que crescem juntos, mas serão separados no futuro, após tempo de misericórdia e condenação para quem não se arrependeu. O joio será queimado e jogado fora e o trigo receberá a recompensa pelo bem que fez.
A vida humana, em meio às fraquezas cotidianas, faz uma trajetória de crescimento e de amadurecimento. Deus não tira de nós o que nos faz ser fracos e débeis, mas nos auxilia com o sopro de seu Espírito para nos despertar a uma maior corresponsabilidade no momento de agir. Na verdade, é preciso abrir o coração e a mente para saber entender as ações de Deus em nosso favor.
Ser como trigo ou como joio, na visão bíblica, revela o tipo de postura, ou conduta, que a pessoa tem na comunidade. Investe na prática do bem, sendo representado pelo trigo, ou na postura do mal, na figura do joio. O que, às vezes, se vê é a duplicidade de postura, de coexistência do bem e do mal. É justamente nestas circunstâncias que entendemos a paciência misericordiosa de Deus com seu povo.
A existência do mal na sociedade não pode nos impedir de trabalhar pelo crescimento do Reino da vida. Aliás, quem realmente tem a postura de construir o bem sabe que Deus espera a conversão dos que praticam o mal. Dessa forma, não podemos nos conformar com posturas de discriminação, de ideologias maquinadoras, que são provocadoras de desarmonia na convivência social.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba