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Quem perde ganha

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 05/09/2025 às 17:54
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A linguagem de Jesus é bem determinada, quando faz o convite à pessoa para o desapego e a chama a “carregar a cruz”, mas com fundamento nos princípios de Evangelho. Essa prática supõe consciência livre e convencimento da importância do sacrifício, por causa do Reino de Deus. Não é praticar regras periféricas, mas entender, com profundidade, a verdadeira sabedoria divina.

Paulo, na prisão, converte um outro preso, chamado Onésimo. Então escreve uma carta ao seu amigo Filêmon e pede-lhe para acolher o escravo Onésimo, que lhe tinha sido inútil, mas agora, convertido, pode ser útil e que fosse acolhido como irmão, não mais como escravo (cf. Fm 9-10). Tudo isso significa que a missão de Paulo, como apóstolo, era de construir a fraternidade na comunidade.

A vida deve ter a marca do verdadeiro amor. Para isto é necessário superar, ou desapegar, de tudo que obscurece a riqueza da fraternidade. As diversas oportunidades e riquezas disponíveis na sociedade não são suficientes e podem até dificultar a verdadeira felicidade das pessoas. O principal critério de discernimento é ser capaz de escolher o que tem dimensão de eternidade.

Cada pessoa humana tem, imbuída em seu ser, a busca de interesses e desejos pessoais, que nem sempre são condizentes com o que ensina o Evangelho. Sabemos que os critérios propagados pela Palavra de Deus são exigentes e determinantes para a identidade da vida cristã. O citado desapego não se refere apenas a bens materiais, mas também à capacidade de pedir perdão e perdoar de verdade.

A expressão “perder tudo para ganhar tudo”, humanamente, é desafiante. Basta olhar para o pensamento de Jesus, ao dizer deixar pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, para ser verdadeiro discípulo (cf. Lc 14,26). Além desse desapego, o Mestre exige ainda mais, que é carregar a cruz no cotidiano da vida. Quantas pedras diárias vão aparecendo no caminho!

Quem perde ganha, mas tudo tem que ser planejado dentro de uma visão sobrenatural. Se os critérios forem todos na mentalidade da cultura capitalista de hoje, cultura marcada pelo acúmulo, é impossível entender a sabedoria do caminho de Jesus. Veja o jovem rico do Evangelho, que saiu de cena (cf. Mt 19,21-22) porque não foi capaz de seguir o conselho de desapego do Mestre.

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