O fio condutor que consegue transformar a triste escuridão existencial das pessoas em alegria da luz é Jesus Cristo. Essa realidade não acontece quando vivemos na discórdia, na guerra interna e externa ou na inconformidade com aquilo que é o óbvio. A falta de unidade facilita a formação de grupos fechados e seguidores de líderes mal-intencionados, que não observam a Palavra de Deus.
Não é fácil deixar os próprios pensamentos e critérios, os conceitos enraizados numa formação malconduzida. As mentes e os corações não mudam com facilidade, a não ser quando surge uma motivação verdadeiramente bem fundamentada. Conforme dizem os ensinamentos de Jesus, a mudança é uma prática que significa ser diferente, seguir outra direção em busca de uma vida feliz.
A proposta de Jesus consiste em abandonar o que em nós há de velho e abraçar o novo. Ele é o novo, a opção fundamental e o eixo de nossa existência. Normalmente, chamamos essa conduta de seguimento, de despojamento e de confrontação da nossa vida com a maneira de Jesus viver, sendo conduzidos por Ele para uma vida plena. É como ser desarmado das amarras da vida na terra.
Viver bem com Deus significa inverter a lógica do mundo. É desafio entender o indicativo bíblico ao dizer que os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. A mente capitalista não leva em conta esse trocadilho, porque não faz parte de sua filosofia de vida. É um brutal confronto com a famosa Lei do ex-jogador brasileiro Gerson, que dizia “ter vantagem em tudo”.
Difícil é entender a capacidade construtora, ou também destruidora, realizada pela mente humana. O que tirar de positivo num vandalismo irracional, totalmente exacerbado e com requinte de insensibilidade, nas dimensões do que ocorreu no patrimônio público de Brasília? Apenas percebemos como há pessoas que se deixam manipular por quem tem interesses próprios.
O que significa defender a democracia? O que aconteceu foi simplesmente afronta a ela, que é uma realidade imaterial. O mais grave ainda foi a afronta e o desrespeito para com o povo brasileiro, às instituições, que são essenciais para a prática democrática. Mas o Brasil está com os pés firmes e os que agiram com tais barbáries devem ser punidos de forma exemplar para que não aconteça mais.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba