Sentir-se ameaçado significa ser intimidado por alguém com a clara atitude de querer impor medo ou temor de sofrer determinado mal injusto e grave. É a evidência da presença de uma ação que vai na contramão daquilo que é anunciado nas maravilhas proclamadas por Deus no Evangelho. A Palavra de Deus nunca ameaça e nem intimida. Pelo contrário, ela liberta das práticas graves de injustiça.
A Festa de Pentecostes retrata a fidelidade de Jesus Cristo ao enviar o Advogado, o Defensor, o Espírito Santo (cf. Jo 15,26). Ele não é Espírito de ameaça, nem de medo, mas sim de coragem, para a formação de comunidades de fé e vida. Como sopro transformador dos corações, principalmente daqueles ameaçados de fraqueza. Força que impulsionava os apóstolos para o anúncio do Evangelho.
Reunidos no Cenáculo, os discípulos se sentiam como que ameaçados, com muito medo dos que condenaram e mataram Jesus na cruz. Pensavam ser esse o fim também deles, pois eram amigos do Mestre. Não tinham nem coragem de falar em público, temendo represália. Mas foram encorajados ao sentirem a presença do Espírito Santo como vento forte soprando sobre todos eles.
Estamos em novos tempos, também com marcas de ameaça e medo. Será que o Espírito Santo de Deus está distante, deixando o mundo abandonado nas mãos da maldade, ou é a humanidade que se distanciou de Deus? O ser humano não se completa em si mesmo, olhando apenas para realidades existenciais e temporais. Ele está em construção e só tem plena felicidade no encontro com Deus.
O Espírito Santo de Pentecostes é dinâmico e abre caminho para diversos serviços nas comunidades e em toda a sociedade, pois desperta valores individuais para a construção do bem comum. Ação que forma um corpo unido por diversidade de órgãos, mas todos com a mesma finalidade. Quem não contribui para formar a unidade transita num caminho desviado dos objetivos do ser humano.
Alegria, entusiasmo, ânimo e coragem refletem a novidade da presença do Espírito Santo no meio dos discípulos das primeiras comunidades cristãs. Isto significa que a ressurreição de Jesus Cristo trouxe paz e confiança para seus seguidores. Agora, com os corações renovados, as pessoas passam a ter uma nova experiência de fé e de compromisso participando dos caminhos do Reino de Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba