O ser humano vive dentro da lógica da vulnerabilidade, da impotência, da pequenez, do sucesso e dos fracassos. Seu trabalho cotidiano seja capaz de modelar o próprio modo de ser e de viver, porque a existência humana não é totalmente perfeita, mas sujeita a perdas, como também apta para construir valores que dignificam sua identidade pessoal e de convivência no seio da sociedade.
A natureza é passível de ser aperfeiçoada, remodelada para que nela as pessoas tenham sucesso. Mas também pode ser espaço de destruição, de desrespeito com sua existência, podendo provocar fracassos imensuráveis. Isso pode ser até interpretado em relação às enchentes no Rio Grande do Sul, que não parece ser um fato apenas natural, mas também provocado pelo uso indiscriminado da natureza.
A força dos reinos poderosos, as “ricas” multinacionais, que não estão nem um pouco preocupadas com as consequências futuras, acabam prejudicando a casa comum e provocam o sofrimento da população indefesa e impotente para viver a riqueza da esperança. Assim assistimos à ferocidade das guerras assassinas em diversos pontos da Terra, exigindo uma firme tomada de posição das nações.
Ser bom cristão, aquele que testemunha autenticamente a fé em Deus, seguindo fielmente as palavras de Jesus, experimenta sofrimento, aparente perda ou fracasso. Mas amar a Deus não leva ao fracasso. Muito pelo contrário, conforme o texto bíblico onde Jesus fala que quem deixa tudo tem tudo (cf. Mc 10,29-30). É Deus quem conduz a história e não deixa seus filhos mergulhados no fracasso.
O mundo é passageiro. Não temos por aqui a nossa pátria definitiva. Significa que todo sucesso tem que ser apoiado em quem pode dar sustentação positiva para que ele seja duradouro. Na pátria terrena, todas as coisas são vulneráveis e perdem a sustentação no transcorrer da história. Vive sempre no fracasso existencial quem se apega exagerado e egoisticamente nos bens materiais.
O tempo de viver autenticamente a semente própria da fé é provisório e passageiro. Mas o verdadeiro sucesso do cristão está mirado no futuro, numa vida definitiva de total comunhão com Deus. A realidade do momento na vida de cada pessoa é de [DP1] peregrinação e de esperança, sujeita a quedas, mas, quando apoiada nos princípios da Palavra de Deus, o rumo pode ser diferente e de sucesso.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba