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Todos os Santos

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 08/11/2024 às 18:18
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Faz parte da práxis litúrgica da Igreja, no primeiro domingo de novembro de cada ano, celebrar a memória de todos os santos já falecidos. Com isto, faz uma sinfonia saudável na relação de todos os que já participam efetivamente da eternidade com os que ainda estão em peregrinação pela terra. Na verdade, é um ato de oração dos ainda vivos sobre a terra, rezando pelos que já partiram.

A palavra “santidade” é ligada à qualidade ou característica de quem pode ser considerado realmente santo, uma pessoa dotada de virtudes, inocência, piedade e pureza, fato este relacionado com a religiosidade e com a fé do indivíduo. Ninguém se torna propriamente santo sozinho, isoladamente, porque a santidade tem característica comunitária, de abertura ao outro, de amor e fraternidade.

É interessante entender que a santidade não é fruto de atos heroicos, mas de uma vida serena e correta. Não é preciso morrer numa cruz, como aconteceu com Jesus, mas supõe honestidade, verdade e justiça. O santo é pessoa que ama, age sem egoísmo e com serenidade no relacionamento com as pessoas. O Evangelho chama de bem-aventurado quem vive a santidade na terra.

  Ser santo não é privilégio, ou méritos individuais, mas sim, fruto evidente de constante luta diante das tribulações da vida, não deixando de ter os olhos sempre voltados para a Pessoa de Jesus Cristo. Significa que os atos precisam estar dentro da dimensão de espiritualidade e amor, aquilo que a Sagrada Escritura chama de “lavar e alvejar as vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).

João Evangelista, em uma de suas cartas, diz de “sermos chamados filhos de Deus” (I Jo 3,1), expressão que revela o profundo amor do Senhor a todos, principalmente por quem vive a santidade, que não deixa de ser um grande dom divino. É dom, mas depende também do estilo de vida da pessoa. Não existe santidade em quem é desonesto, exclui os outros e não consegue conviver na diversidade.

A cultura hodierna privilegia muito a autorreferencialidade e o individualismo. Mas a vida de santidade acontece na abertura e na comunhão. Aqui está o valor da comunidade como espaço de partilha, sinodalidade, equilíbrio e calor humano. Onde é possível entender o sentido das bem-aventuranças do Reino, propostas por Jesus. Por fim, santo é quem é capaz de fazer maduro discernimento na vida.

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