Em pleno tempo dedicado à Páscoa do Senhor, aparece, no cenário bíblico, a emblemática figura do apóstolo Tomé (Jo 20,24-28). Ele é símbolo de quem acredita, mas somente vendo. A ressurreição do Senhor Jesus foi um grande desafio para ele, porque não estava presente na reunião do grupo, quando Cristo apareceu no meio deles. Tomé não tinha sido tocado pelo mistério pascal do Senhor.
Não era fácil para os apóstolos e discípulos acreditarem no que aconteceu com Jesus Cristo, agora ressuscitado, especialmente logo após o Domingo da Páscoa. Antes disso, a presença física de Jesus, entre seus contemporâneos, era um fato natural. Mas agora, ressuscitado, a dimensão é outra, porque dependia de um ato de fé, de acreditar nele sem ter visto e tocado nas suas feridas.
Esse fato bíblico de Tomé, acontecido há mais de dois mil anos, no início do cristianismo, tem seus reflexos na atualidade. A abrangência e o significado prático da ressurreição de Jesus não é reconhecido por grande parte da cultura moderna. Reina a prática do positivismo, de acreditar apenas no que é positivo, experimentável e tocável. Tudo que passa disso é visto como subjetivo e imaginação.
A experiência vivida pelos primeiros cristãos veio confirmar a autenticidade da presença ressuscitada de Cristo no meio deles. O vigor, a união e a coragem como propagaram a ação de Deus superou a falta de fé de Tomé. A convicção era visível, como aparece nos textos bíblicos do Novo Testamento. É o que motiva a fé da Igreja hoje, consciente da presença do Espírito Divino na ação pastoral.
Jesus apareceu para Tomé e, também aos outros discípulos, como o primeiro e o último de todos eles, mas é aquele que passou pelo caminho da morte e está vivo no meio deles. Até para dizer que a Igreja, por ele instituída na pessoa dos apóstolos, não é de pessoas mortas, mas sim de quem tem convicção firme da realidade da vida cotidiana em toda fecunda dimensão de sua dignidade.
Logo depois da morte do Senhor na cruz, reinou um clima de medo no coração de seus seguidores. Mas as aparições eram de paz, de misericórdia e de confiança, de tudo aquilo que deu o perfil da missão dos discípulos. Tomé se convenceu da realidade e confirma sua fé com a expressão: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). A história bíblica registra esse fato e confirma a missão da Igreja hoje.