O Jornal da Manhã completa 46 anos e é o responsável pela divulgação da história que nossa gente produz. Fácil lembrar de quem chega em nossa casa todo dia, seja por jornaleiro ou pelas modernidades da internet.
Contudo, nesta data auspiciosa me vieram à mente a imagem e feitos do seu criador: doutor Edson Gonçalves Prata. Faço nestas linhas referência à memória e feitos do advogado, professor, escritor, editor, poeta, jornalista, empresário e homem de bem.
Lá vai longe o tempo em que ouvi: “Especialista em generalidades!”.
Esta frase, ou melhor, esta sentença nunca me saiu do pensamento. Foi quando ainda jovem sonhador, em bancos de faculdade, ouvi clamar um dos muitos palestrantes que nos visitavam nas semanas culturais.
Em meio ao burburinho jovial do ambiente, lançava o palestrante um dito arrebatador sobre o profissional advogado. Dizia aquele que, diferentemente dos demais profissionais, o advogado deveria conhecer diversas ciências e ofício. Com o tempo e o exercício diuturno da advocacia, vim a compreender a extensão daquela ideia.
O advogado, em seu mister diário, por vezes traveste-se de psicólogo, assistente social, agrimensor, conselheiro, médico, esportista, detetive, policial, pai, amigo, entre outras faces das ocupações humanas.
A inquietação intelectual é que nos aperfeiçoa, corrige e desbasta. O advogado, por excelência, supera e reinventa a própria realidade.
Há mais de duas décadas atuo na profissão que escolhi desde menino, e sou convicto da fala daquele palestrante, contudo, não só a minha realidade profissional me fez compreender.
Aqui, nesta terra de sol e calor humano, nesta Uberaba de Chico Xavier, do gado zebu, do cerrado fértil e de gente hospitaleira, Edson Prata absorveu, antes de nós, esta máxima e sobressaiu aos demais.
Sua irriquietação intelectual o fez destacar nas mais diversas áreas que se dispôs a atuar. Como jurista e professor, propiciou à região do Triângulo Mineiro uma das mais profícuas e consistentes obras de Direito Processual, escritor e poeta, além de contos e poesias de qualidade inquestionável. Foi um dos fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Como jornalista e empresário, no ano de 1972 fundou o Jornal da Manhã.
Um dos maiores jornais de Minas Gerais, diário que sucedeu ao extinto "Correio Católico", é o mais antigo jornal uberabense em circulação desde aquele ano, e que dirigiu até o ano de seu falecimento.
Parabéns, JM, como é chamado carinhosamente por seus leitores. Vivo fosse, certamente seu criador estaria orgulhoso do fruto que criou.
Euseli dos Santos
Advogado militante em Uberaba