EUSELI DOS SANTOS

Congresso Nacional

Euseli dos Santos
Publicado em 15/04/2023 às 18:47
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O Congresso Nacional é a terra dos mal-intencionados. Lá é o lugar onde eles se reúnem para soltar verborragia barata, lançar as mais absurdas propostas eleitoreiras e, pior, decidir sobre seus próprios salários e pacote de benefícios.

Sabe a caricatura do malandro que fala com sotaque carioca e veste terno branco e chapéu? Essa figura emblemática da cultura popular nem chega aos pés dos políticos brasileiros. Estes sim são os verdadeiros malandros! Eles são a imagem da corrupção e do sujeito preguiçoso inveterado (retratado pelo personagem Macunaíma na obra-prima de mesmo nome, do genial Mário de Andrade), que tanto mancham a reputação do nosso país aos olhos das outras nações.

O malandro político desfruta de uma vida de luxo e regalias. Veste terno importado, tem acesso aos melhores serviços e, além do mais, pode contar com dezenas de assessores à sua disposição, que na maioria das vezes são familiares e amigos.

Alguém disse que nepotismo é proibido? Pode ser uma prática antiética em alguns setores, mas em cargos públicos políticos quase tudo é permitido! Isso ficou bem claro na medida aprovada recentemente no senado, que reduz a carga horária de trabalho para três dias por semana (terças, quartas e quintas) e três semanas por mês, sendo que na última do mês o trabalho poderá ser remoto. Ele é tão cara de pau que resolve trabalhar menos horas em um contexto socioeconômico mundial adverso.

Desde o começo do ano, estão sendo divulgadas notícias sobre crise financeira de grandes corporações: demissões em massa, instituições bancárias decretando falência no exterior, altas taxas de desempregados e muitos outros acontecimentos alarmantes. E mesmo diante de todo esse cenário desfavorável, os senadores não titubearam em incorporar mais um benefício à longa lista de itens do clube de vantagens de Brasília.

Vale lembrar que os trabalhadores comuns estão sofrendo cada vez mais com as demandas de excesso de trabalho e da pressão por resultados. As consequências aparecem nas estatísticas: profissionais de diversos níveis e setores ficando doentes. Enquanto isso, como numa realidade paralela, os senadores descansam às segundas e sextas para receberem um salário de mais R$40.000,00 (quarenta mil reais).

Como brasileiro, eu me sinto totalmente desrespeitado! Mais uma vez, somos ultrajados por quem mais deveria cuidar de nós: os políticos eleitos pelo povo. Os profissionais do Planalto sambam às nossas custas, imitando os gestos do malandro de terno branco em uma trágica ironia.

Euseli dos Santos
Advogado em Uberaba/MG – OAB/MG 64.700; Mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp); Conselheiro Estadual Titular da OAB/MG triênio 2022/2024

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